Uma imagem clássica da sensação de liberdade é uma jovem correndo de vestido branco, chapéu de palhinha e braços abertos em um campo florido ao amanhecer. Imagina-se o sol nascente, formando com seus raios sete cores decompostas pelas gotículas de orvalho. Outra cena inspiradora de pessoa livre é alguém no topo de uma montanha olhando um horizonte profundo e longínquo, enquanto estende os braços para o alto e desafia os céus.
Quando estou livre sei dar o nome de liberdade ao que sinto, mas como explicar o que é liberdade? Em 1976 havia uma propaganda de calça jeans da marca US Top que mostrava jovens de cabelos longos, moda da época, enquanto se ouve uma melodia contendo a seguinte frase: “Liberdade é uma calça velha azul e desbotada”. Como se vivia os anos de chumbo, os mais cruéis do regime de exceção, as pessoas engajadas praticavam patrulha ideológica e desprezavam esses dizeres, considerados alienantes e exigindo que liberdade fosse outra coisa, diante da ditadura vivida então.
O Aurélio – Folha – 1994 impresso diz sobre liberdade: faculdade de cada um se decidir e agir conforme a própria determinação; poder de agir no seio de uma sociedade organizada, segundo a própria determinação, dentro dos limites impostos por normas definidas; faculdade de praticar tudo que não é proibido por lei; supressão ou ausência de toda opressão considerada anormal, ilegítima, imoral; estado ou condição de homem livre; independência, familiaridade, intimidade. Liberdade de Imprensa é o direito concedido a todos de publicar alguma coisa sem necessidade de autorização ou censura prévia, sob as penas da lei em casos de abuso. Liberdade de Pensamento é o direito do indivíduo externar suas opiniões ou crenças.
Diante da definição civilizatória, pensemos nos graus de liberdade e na decisão de cada ato. Há amarras impostas pelo grupo familiar, vizinhança, colegas de trabalho, amigos, religião, política, sociedade de consumo, internet e mais uma lista de senões. Quais censuras, na ausência de um algoz, você amarra ao próprio corpo, na boca, nos dedos e no pensamento? Há quem, por sentir-se superior, queira impor sua ideologia política, crença, preferência e moralidade aos demais e, certamente, não aceita questionamentos sobre suas condutas, algumas vezes opostas ao que cobra dos outros.
E as normas de consumo? Quem determina qual vai ser o comprimento e a cor dos seus cabelos? A moda, o vizinho, o pastor ou a inspiração para a cópia? A publicidade apita, você compra, ou descobre que não precisa daquilo? Poder expressar um não é uma maneira de ser livre, porque nem só de sim se vive a liberdade. Você segue o fluxo, ou o questiona? Deixa a vida levá-lo ou define seu destino com firmeza? Sente-se mais seguro quando alguém aponta o que deverá fazer, ou prefere escolher seus caminhos? Permite que o vício dome sua mão, domine sua mente, ou o suprime, libertando-se e perdoando-se?
Liberdade é dominar o pensamento, escolhendo o que pensar e o que sentir. “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós”! – verso do Hino da Proclamação da República!