Meu saudoso Tio Zé, marido de Tia Ninha, usava o termo “fabuloso” para se referir a algo de grande destaque, magnífico, fantástico, de extrema exuberância. Até ouço sua voz falando tal palavra que reservava para coisas realmente excepcionais.
No Aurélio: prodigioso, maravilhoso, admirável, grandioso; e no Brasil, excelente, ótimo, perfeito. Fabuloso também pode ser algo que não tem existência real, imaginário, inventado, relativo à mitologia, mitológico, alegórico, fabular.
Fábula é uma narração alegórica para ilustrar um preceito, lenda, coisas imaginárias. Mas também: isso aqui custou uma fábula, significando que foi muito caro, que se gastou uma fortuna, uma grande soma em dinheiro.
Fabular é criar, fazer história sem critério; inventar, mentir. Fabulação é a lição de moral contida na fábula. Fabulário é uma coleção de fábulas e fabulista é o narrador de fábulas.
Trocar ideias, conversar, falar sobre assunto misterioso, secreto ou suspeito; maquinar, tramar, conspirar são significações para confabular, uma ação possivelmente política. Em geral, os políticos têm discursos diversos para agradar, pelo menos em parte, aos muitos grupos que os apoiam e que podem ter interesses conflitantes. Apenas bons atores conseguem essa mágica.
As Fábulas de Jean de La Fontaine, publicadas em 1668, contam histórias universais, que têm um ensinamento, uma lição moral profunda, e em todas as civilizações adquiriu caráter imortal. Usando animais para mostrar vícios, manias e fraquezas humanas, seus versos narram contos eternizados sendo os mais famosos: “A cigarra e a formiga”, “O corvo e a raposa”, “A lebre e a tartaruga”, “O leão e o rato”, “O lobo e o cordeiro”, retratando temas universais como vaidade e estupidez.
Segundo o autor, sua obra “é uma pintura em que podemos encontrar nosso próprio retrato”. Nem sempre gostamos do que vemos. Na fábula “A cigarra e a formiga”, enquanto a formiga trabalhava e reservava alimento para o inverno, a cigarra cantava, vivendo o agora e não pensando em comida nem abrigo para o futuro. Chegou o inverno e, com fome e com frio, a cigarra pediu ajuda à formiga, que, avarenta, não a acolheu levando a cantora a morrer congelada. Contrapondo vício à virtude, tolice ao bom senso, o autor instrui e agrada na leitura das suas fábulas.