Algum dia saberei Português para escrever sem sentir vergonha dos erros? A Língua Pátria, para quem escreve todos os dias, como eu, é um desafio permanente, e seu estudo me deixa mais indecisa do que antes de olhar uma norma. É difícil o dia em que não procuro informações sobre a maneira mais correta de me expressar.
“A Gramática é a área da linguística que estuda as regras que compõem um discurso, como a disposição das vírgulas, acentuação das palavras, distribuição dos parágrafos e períodos, forma das palavras e seus sons, determinando o uso formal da língua escrita e falada” – Wikipedia.
Como leio e escrevo desde os sete anos, e foram tantas as letras que desfilaram diante dos meus olhos, acabo por dirimir dúvidas por instinto. Em caso de indecisão na ortografia, escrevia e olhava, e daí me decidia sobre como seria o certo. Hoje não se consulta mais o dicionário físico, apenas dicionários virtuais, sem contar que o corretor faz a correção ou grifa a palavra errada em vermelho.
Poucos sabem como deva escrever algumas palavras, se junto ou separado. Há situações em que é junto e outras em que é separado. Para cada sentido, uma maneira: afora e a fora, demais e de mais; acima, em cima, abaixo, embaixo, em baixo e debaixo. Assino embaixo um abaixo assinado.
O verbo haver no sentido de existir, não flexiona no plural, porque não há sujeito e sim objeto direto. É comum escrever há sem agá. Fui à casa de Maria há algum tempo. No passado, há com agá, no futuro, a sem agá. Mal é substantivo. Mau é adjetivo. Haja o que houver, vá a aja com coragem! Haja de haver e aja de agir.
Algumas palavras conhecidas são usadas por aproximação, mas quando olhamos seu real significado, ficamos surpresos, porque algumas delas parecem inofensivas e não são, por exemplo: esnobe, lisonja e orgulho. São palavras fortes e bastante negativas, mas costumamos usá-las com sentidos mais brandos.
Buscando sinônimos, vemos que têm sentidos aproximados. Há róis de rimas em profusão na internet. E os porquês, e essas e estas? E as vírgulas, acentos e uso do hífen? Nem quem definiu as regras do hífen sabe quando colocá-lo.
Confundem mim e me, está com estar, mas o que acho mais difícil são as situações em que uma locução verbal poderá exigir o plural no verbo principal, enquanto outras exigem o infinitivo, gerúndio ou particípio singulares. São complexas as regras do plural nas locuções verbais. Exemplos: O professor nos deixou explanar o tema. Eu estava certa que eles poderiam brincar. Quando o plural é necessário? Os revisores de texto passam pelas minhas locuções colocando plural em tudo. Salvem-me!
O que mais tenho em Português são dúvidas. Os tempos verbais no condicional são desafiadores. Os vícios de linguagem dificultam escrever certo. As revisões ajudam a errar menos, porém, é quase impossível não errar. Para isso acontecer, é preciso desistir de escrever.
Sinto haver pouco a dizer, pois escrevo para publicar há mais de 20 anos, mas quando destampo a falação, vejo que carrego algumas ideias comigo e ainda não as externei. Não duvide: quem escreve, o faz por vaidade.