Mesmo com a exuberância das sensações, uma lupa ajuda a ver as ações de maneira mais interessante. Algumas coisas são grandiosas, como o objetivo que se tem com uma iniciativa como esta. A escola é nova, o ginásio é grande, a ousadia e o aprendizado são ainda maiores.
Acanhadas na chegada, tivemos recepção e gentileza na justa medida. Fomos levadas a nos sentar em um lugar reservado por breves minutos. As professoras organizavam a distribuição dos alunos na quadra. A expectativa de conhecer as três escritoras é grande. Com o coração acelerado, esperam. Nem sabem como se aguentam sentados.
Há apoteose com a nossa entrada na quadra. Muitos vivas, gritos e aplausos. A emoção toma conta das chegantes, as escritoras Karla Celene, Míriam Carvalho e eu. Trazemos livros e alguma ansiedade, sem saber o que aconteceria. Esperávamos por perguntas e pela interação autor e futuro leitor, um trabalho já adiantado na escola.
Os estudantes do sexto e sétimo ano do Ensino Fundamental sabiam de nós. Leram o material enviado para lá. “Semear Literatura” é a atividade em questão, e não quer apenas marcar posição, e sim, criar um novo hábito, reduzindo o tempo de tela e lhes apresentando o livro.
Prestei atenção em seus rostos, o olhar atento, a ansiedade não disfarçada, as perturbações nas mãos inquietas. A impressão era de que não se conteriam e não conseguiriam manter o silêncio necessário. Houve uma relativa calmaria, total em vários momentos, a felicidade de manifestando, olhos brilhando. Comovidos estavam o público e as visitantes.
Uma mesa de honra se formou; cantamos o Hino Nacional; um professor falou quem éramos e o que faríamos ali; uma aluna leu um texto; um grupo, juntou-se a ela e cantou “Amo-te muito”; quatro estudantes falaram sobre nós numa espécie de jogral; alunos iam à frente e faziam perguntas; uma menina declamou um poema meu: “Auto altruísmo”. Nervosa, teve receio de se esquecer, e disse: e se eu errar? Falei: abra o papel e leia. O que é que tem?
Já havíamos recebido uma caixa com recadinhos de amor e um vaso de flores. Cada um desses presentes foi-me entregue por uma aluna diferente. Nessa hora estávamos sentadas adiante da mesa, para maior proximidade com a plateia.
Aconselhamos, respondemos sobre vida, livro marcante, planos, influências, nossos livros. Presenteei a biblioteca com seis livros, três autorais, Segurando a Hiperatividade, Mosaico e Gira, Girassol!, e antologias das quais participei, sendo duas da Academia Feminina de Letras e uma da Academia Montes-clarense de Letras.
Quando nos aproximamos para fotos com o grupo, as emoções se afloraram poderosas. Surgiram lágrimas e olhos vermelhos, mãos frias, tremor, abraços, autógrafos, palavras carinhosas. Essa interação e trocas afetivas fizeram-nos muito próximos, ligados pelo nascente gosto pela leitura, já que estudaram nossos textos em sala de aulas.
Chá revelação: Escola Municipal Rozenda Zena Moraes, Diretora Paloma Dias, Professora Daiane Gomes, sétimo ano Sala Mara Narciso, junto a uma incontinenti manifestação de carinho, apreço e um volte sempre!