A greve dos funcionários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já dura dois meses, resultando em quatro mil remarcações de perícias médicas e deixando cem mil pessoas sem atendimento nas agências da Previdência Social. Durante esse período, o número de pedidos de reconhecimento inicial de direitos também aumentou, em uma elevação de 11,27%. Apesar de um acordo ter sido feito entre entidades representativas e o governo federal na última semana, a greve continua.
O acordo prevê reajuste salarial parcelado, reestruturação de carreiras, e cumprimento de pontos já negociados, além de outros itens não relacionados a salários. No entanto, o impasse persiste porque o trato foi firmado apenas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social, vinculada à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A maioria dos servidores, representados por outros sindicatos, ainda não aceitou a proposta e tem até o final da semana para se manifestar. Alegam que não receberam oficialmente a proposta, conforme afirmam os departamentos judiciais dos sindicatos. Sindicatos como a Fenasps e o Sindsprev, que representam a maior parte dos servidores do INSS, não reconhecem o acordo e lideram a greve, que está prestes a completar três meses.
Além disso, após o acordo proposto, o presidente do INSS, tomou a decisão de impor faltas não justificadas e descontar do salário dos servidores que permanecessem de greve, e com isso, militantes ocuparam a presidência do INSS na última quarta-feira (4) , durando 24 horas de ocupação até que essa decisão fosse revogada.
Segundo Moacir Lopes, presidente da Fenasps, a categoria decidiu manter a greve por não ter recebido uma nova proposta que atendesse às suas demandas. Ele afirma que o governo rompeu as negociações ao assinar um acordo inferior com outra entidade e que, até o momento, as propostas discutidas não foram formalizadas.
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) apresentou novas propostas, oferecendo reajustes escalonados para 2025 e 2026, além de ajustes na tabela salarial e na Gratificação de Desempenho da Atividade do Seguro Social (GDASS). O reajuste total entre 2023 e 2026 pode variar entre 24,8% e 29,9%, dependendo do nível da carreira e da carga horária. O governo propôs também a ampliação da tabela remuneratória, a incorporação de gratificações e a criação de novos padrões nas classes A e Especial.
A paralisação tem causado grandes filas e atrasos na concessão de aposentadorias, pensões e outros auxílios, afetando diretamente milhões de brasileiros que dependem do INSS para garantir seu sustento. O impasse prolongado agrava a situação, com prejuízos tanto para os trabalhadores da instituição quanto para os cidadãos que necessitam de seus serviços.
*Com a colaboração de Clara Veleda