As chuvas que caem sobre Minas Gerais nos últimos dias levaram quatro municípios norte-mineiros a decretar situação de emergência até ontem. Diante dos transtornos causados pelas águas às suas populações, as prefeituras de Ibiaí, Pintópolis, Rio Pardo de Minas e Bocaiuva optaram pelo decreto. Além dessas cidades, Januária e Olhos D’Água – esta última com uma vítima fatal, uma menina de 2 anos – registraram problemas ocasionados pelas precipitações e devem ter o estado de emergência homologado pelo Estado.
Bocaiuva vive ainda um agravante, com risco iminente de que a barragem da Caatinga transborde. A grande preocupação, neste caso, é com o perigo que o rompimento levaria à vida de 780 famílias que vivem no Assentamento Hebert de Souza. Na expectativa de discutir alternativas que garantam a segurança dessas pessoas, foi programada para hoje uma visita técnica à barragem por representantes do Incra, responsável pela unidade, do Igam e das prefeituras de Engenheiro Navarro, Jequitaí e Francisco Dumont, além da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A barragem de Caatinga – responsável pelo abastecimento de água para 270 mil pessoas –, diga-se de passagem, oferece esse risco de rompimento já há alguns anos, sem que providências tenham sido tomadas. Nos anos anteriores, diante da mesma ameaça de extravasamento, o Incra vinha argumentando que não teria recursos para as obras que poderiam dar segurança à unidade.
Ora, o que não é mais suportável no Brasil é que tragédias precisem ocorrer para que obras imprescindíveis sejam feitas. Se o rompimento da barragem é um risco que se repete e, agora, urgente, deve ser indiscutível a priorização dos reparos que vão torná-la segura. É inconcebível alegar falta de recursos quando o que está em jogo é a vida das pessoas.