Às vésperas das comemorações do Dia Internacional da Mulher, celebrado neste domingo, uma triste realidade marca Montes Claros. Levantamento feito pelo Ministério Público e pela Polícia Militar aponta que a violência doméstica atingiu, no ano passado, as quatro grandes regiões do município, com o registro de 2.265 vítimas. E o pior: em 15% dos casos houve reincidência, tendo as mulheres sido agredidas por até sete vezes.
A maioria das agressões parte do companheiro ou ex-companheiro da vítima, que normalmente fez uso de álcool antes de cometer o crime. Mas há relatos também do consumo de cocaína e crack antes da prática da violência. Os números não retratam a realidade e podem ser ainda maiores, já que grande parte das mulheres sempre acredita na recuperação dos agressores e de que eles ainda vão mudar um dia.
Porém, um dado mais estarrecedor mostra que das ocorrências de violência contra a mulher que se transformaram em inquérito, muitas foram arquivadas ou por falta de provas ou por prescrição do tempo para o oferecimento da denúncia. Além disso, em 62% dos casos, uma ação na comarca de Montes Claros chega a demorar até cinco anos, o que acaba resultando na impunibilidade do autor do crime.
As mulheres que querem romper com esse ciclo de violência contam com a Casa Abrigo do município, onde têm todo acolhimento, inclusive para os filhos. Esta entidade auxilia as vítimas desde o registro do Boletim de Ocorrência, na Polícia Militar, até o ingresso com ações de divórcio e de prestação de alimentos.
Vários parceiros lutam no município para a criação de uma rede de proteção às mulheres para que recebam uma atenção mais completa. No entanto, enquanto essas medidas não saem do papel, cabem às mulheres denunciar, o quanto antes, os casos de violência doméstica, sejam eles os mais simples. É necessário dar um basta nas agressões!