A notícia de que mais de 1.500 doses da vacina AstraZeneca, imunizante contra a Covid-19, estariam vencidas ao serem aplicadas durante a Campanha de Vacinação mostra de quantas pedras o brasileiro precisa se desviar ao longo do caminho para ter o seu direito de vacinar respeitado.
Seria cômico, se não fosse trágico tamanha desorganização. Além de não contar com um sistema de saúde estruturado para atender à demanda, de esperar em uma fila que anda a passos de tartaruga, ver fura-filas saírem impunes, lidar com o absurdo de aplicadores que não aplicam a vacina, agora, o cidadão precisa verificar a data de validade da vacina que está recebendo. É exaustivo! É quase uma corrida de obstáculos... Quem vencer, não ganha medalha, ganha uma dose da vacina e tem a vida protegida... Ufaaa!
Essas pessoas que foram “premiadas”, imagina-se que estejam vivendo um pesadelo, já que depois da espera angustiante para serem finalmente imunizadas, descobrem que receberam uma dose vencida. Não bastasse passar por essa situação, o cidadão precisa, ainda, assistir ao jogo de empurra-empurra dos órgãos responsáveis pelo processo de vacinação no país, no Estado e no município, que se esquivam da responsabilidade transferindo a um e outro a “culpa” pelo erro que pode custar vidas.
Porque para essas pessoas, o jogo de negação por parte desses órgãos pode ser sim, mortal, já que ao não assumirem o erro e não aplicarem nova dose da vacina, deixam a pessoa sem a devida proteção contra um vírus que tem se mostrado altamente letal.
Enquanto as autoridades jogam pingue-pongue, lançando a bola da irresponsabilidade de lá para cá, a vida desses cidadãos segue em risco. O fato retrata exatamente a falta de respeito com que o poder público, os gestores públicos, tratam o cidadão no Brasil.
Viver uma pandemia, enfrentar a letalidade do vírus, perder entes queridos, viver praticamente aprisionado por longos e longos dias em meio a tamanha “lambança” é só mesmo para brasileiros, infelizmente acostumados a serem tratados como cidadãos de segunda classe.