A pandemia de Covid-19 fez crescer o medo, aumentou a angústia e colocou a vida em um compasso de espera que tem deixado a muitos ainda mais sem rumo.
Quando se torna impossível ordenar o caos à nossa volta, quando o imponderável se transforma em realidade e engole a todos feito um tsunami, quando já não é possível lidar com os buraquinhos que se multiplicam no coração e com o vazio em nosso ciclo de convívio, com a ausência do abraço que aconchega, do colo que acalenta ou do ombro amigo que consola, a fé se torna um refúgio.
Tem sido assim para muitos, porque diante de tudo que temos vivenciado, da angustiante tortura que se tornaram os dias, só o intangível, que chega trazendo uma força maior à qual nos dependuramos com todas as nossas forças para evitar o abismo, parece ser solução. Essa é a fé.
Fé que tem unido pessoas em torno de um mesmo objetivo, que tem sido para muitos brasileiros o oásis em meio ao deserto pelo qual a humanidade tem passado e, sobretudo, tem sido a bengala a sustentar de pé e a manter viva a esperança.
Muitos dirão que a fé não é o caminho, não é a solução para varrer o vírus da Terra, que o caminho está na ciência. Sem dúvidas, a ciência é fundamental, mas no momento em que a dor dilacera muitas famílias, que os benefícios da ciência não estão acessíveis para todos, é preciso se apegar a algo que seja maior do que nós e que, mesmo sem uma comprovação científica, possa nos manter sãos em meio à vida que parece de cabeça para baixo.
Para todos, os que creem e os incrédulos, os que têm fé e os que perderam a sua ou nunca tiveram, só a certeza de que vivemos tempos em que cada um precisa buscar dentro de si uma verdade, para que possa seguir adiante, apesar de...
Uma verdade que o fará acreditar que, de fato, depois da tempestade vem a bonança. Que cada um possa usar a sua verdade, a sua fé, a sua crença para curar as feridas que nos têm feito, por mais de um ano, reféns da dor.