A pressão dos países europeus durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas 2021 (COP26) com relação à Amazônia é mais do que correta, tendo em vista o aumento do desmatamento na região. Mas quando as empresas europeias, fabricantes de carros, não querem se adequar às regras impostas pelo Brasil para a fabricação de veículos mais limpos, esses países acabam perdendo a razão na luta, que precisa ser de todos.
As novas normas para fabricação de automóveis mais limpos estão previstas para entrar em vigor em 1º de janeiro de 2022. Desde 1986, quando da criação do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), as empresas têm um cronograma a ser cumprido. Agora, às vésperas de mais uma mudança, alegam falta de condições para atender à lei que determina que novos carros só possam emitir 1 miligrama de monóxido de carbono por cada quilômetro rodado.
Isso corresponde a uma redução de 23% de gases na atmosfera, o que contribui efetivamente para o combate às mudanças climáticas e leva à redução de doenças respiratórias, já que as novas regras também determinam a diminuição na emissão de aldeídos. A emissão da substância tóxica, que pode ser cancerígena, cairá de 20 miligramas por quilômetro para 15 miligramas, o que representa uma redução de 25% de aldeído no ar.
Desde 2015 os padrões agora exigidos pelo Brasil já estão em vigor no continente europeu. Corretíssima a pressão dos líderes europeus com relação à Amazônia, mas eles precisam dar sua cota de sacrifício no cuidado com o meio ambiente. Tanto na casa deles quanto fora, o comportamento precisa ser o mesmo.
Com essa atitude, eles não apenas fragilizam sua atuação com relação à Amazônia, mas dão a entender que os brasileiros são menos importantes que europeus. Para que o planeta realmente volte a respirar, garantindo condições para que a humanidade tenha longa vida na Terra, é preciso uma força tarefa global, o que implica que todos devem arcar com as consequências e possíveis prejuízos, porque pau que dá em Chico precisa dar em Francisco. Caso contrário, os resultados serão pífios como foram na COP26.