Às vésperas de um dos eventos mais importantes para Montes Claros, a 29ª edição da Festa Nacional do Pequi, o palco da celebração, a Praça Doutor Chaves, ou Praça da Matriz, é sinônimo de abandono e sujeira. É na praça que moradores de rua da cidade vivem, com seus pertences e acumulando lixo reciclável, que têm como ganha-pão.
A Prefeitura de Montes Claros fala com clareza que mantém uma espécie de acordo com os moradores de rua para que, em ocasiões de festas, eles desocupem a Praça da Matriz temporariamente. Quando isso ocorre, informa ainda a prefeitura, a praça é alvo de uma limpeza, para receber o evento em questão.
Ora, uma praça como a da Matriz, que deveria ser um dos cartões-postais de Montes Claros, não deveria servir de moradia a ninguém. É óbvio que a praça é de todos, que não se pode simplesmente proibir as pessoas de ficarem no local pelo tempo que quiserem, que precisarem. Mas, por outro lado, é preciso que o poder público encontre soluções responsáveis e dignas para resolver o problema da população em situação de rua.
A grande maioria das pessoas que vivem nas ruas o faz por falta de opção, por não ter para onde ir, por ter perdido emprego, família e as esperanças. É preciso conhecer a história de cada um deles. Em vários casos, o álcool e as drogas vieram com o mesmo desespero que os levou a morar nas ruas. Não é uma situação simples a da população em situação de rua. E é, sim, uma responsabilidade do poder público resolvê-la. Seja criando alternativas para essas pessoas, como empregos, tratamentos de saúde e outras.
Sim, a praça precisa ser cuidada, precisa estar limpa para receber não só as festas do município, mas para receber toda a população, sempre que ali quiser estar. Para isso, a administração municipal deve, em vez de fazer acordos com a população em situação de rua para que desocupe a praça, direcionar essas pessoas a alternativas dignas de vida e manter a praça livre, para que tanto eles quanto todos os outros cidadãos a frequentem com liberdade.