Entra ano e sai ano e a conscientização da população com relação ao perigo das doenças provocadas pelo mosquito Aedes aegypti não acontece. Apesar de o Estado e, especificamente, Montes Claros terem passado por um 2019 epidêmico, com recorde de casos registrados, o cenário é de alerta vermelho já no início de 2020.
O Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LirAa), medido pelo município de 6 a 8 de janeiro, coloca a maior cidade do Norte de Minas na rota da dengue, zika e chikungunya novamente.
A taxa média de infestação de larvas do mosquito chegou a 10,3% após vistorias realizadas em cerca de 9 mil domicílios. Esse número quer dizer que, em cada cem casas visitadas, dez apresentaram focos da larva. O índice é dez vezes maior que o considerado seguro pelo Ministério da Saúde e quase o dobro do registrado em janeiro do ano passado.
Dessa forma, Montes Claros pode repetir, até com mais gravidade, o quadro de 2019, quando foi classificada como cidade com muito alto risco de epidemia. Naquele ano, foram registrados 8.327 casos prováveis da doença – recorde desde que o levantamento por município começou a ser divulgado, em 2016.
A dificuldade que os moradores enfrentam com o desabastecimento de água seria um dos motivos para tão alto índice de infestação, pois quase metade dos focos foram encontrados em caixas d’água que ficam no chão, tonéis e tambores de armazenamento. Não se cogita proibir esse tipo de reserva de água, essencial para o dia a dia de cada cidadão. No entanto, bastaria a vedação adequada dos recipientes para impedir a proliferação do Aedes.
Para se ter noção da gravidade da situação, há bairros com índice que beira os 40%, ou seja, de cada dez casas, quatro estão com focos. Isso expõe toda a comunidade – e não somente os moradores do imóvel irregular – ao risco das doenças.
Até quando a população continuará a fechar os olhos para a necessidade de prevenção e combate ao mosquito?