A negligência do poder público com a memória de Montes Claros se comprova com o estado de abandono do Sobrado dos Telles e Menezes, casarão erguido em 1885 que, devido à má conservação, ameaça desabar. Apesar de o imóvel ser tombado pelo Patrimônio Municipal, nenhuma medida urgente havia sido tomada até ontem para impedir que o imóvel venha ao chão.
A presidência do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros manifestou lamentar a situação do prédio, que pode virar um retrato na parede e, o mais grave, causar estrago em casa vizinha, caso venha a desabar. A Defesa Civil alegou nada poder fazer.
O problema esbarra em imbróglio entre os herdeiros do casarão que não teriam chegado a um consenso sobre a venda ou outro destino para o bem, que no passado pertenceu ao coronel Celestino Soares da Cruz, ex-presidente da Câmara Municipal de Montes Claros.
Porém, independentemente da falta de entendimentos entre os herdeiros, uma medida precisa ser tomada para garantir que um pedaço da memória da cidade não vire pó.
A preservação da memória histórica e cultural de uma cidade é determinada por lei. O Sobrado dos Telles e Menezes, apesar de ser propriedade particular, conta um pouco da trajetória da cidade e guarda traços da arquitetura colonial e, portanto, a preservação torna-se de interesse público. Um acordo entre os donos e o poder Executivo deveria ocorrer, garantindo obras para revitalização. A especulação imobiliária, embora traga desenvolvimento econômico, apaga parte da memória da cidade, mas o que resta precisa ser mantido.