A ligeira redução nas taxas de mortalidade pela Covid- 19 nos dá a falsa sensação de calmaria. Falta de medicamentos, profissionais da saúde no limite, leitos regulados, oxigênio racionado, vacinas a conta-gotas, saúde em quase colapso... O quadro continua crítico e o número de infectados não sofreu a queda imaginada. E as notícias desanimadoras não cessam por aí. Recente Boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz alerta para uma terceira onda.
De acordo com o boletim, os indicadores monitorados pela instituição indicam uma intensa circulação do vírus, o que gera a oportunidade para o surgimento de novas variantes. Uma nova onda, de acordo com especialistas, pode representar uma catástrofe sem precedentes, tanto para a saúde, quanto para a economia. A terceira onda, que varreu a França no início do ano, aportou lá com mudanças significativas no quadro de infectados, que passou de idosos e adultos para crianças e jovens, com idades entre 10 e 19 anos. Outra característica da terceira onda no país europeu é que lá, embora as crianças e jovens não fiquem muito tempo internadas, elas têm apresentado sequelas, mesmo as que tiveram sintomas mais leves, que perduraram meses. Dar assistência contínua a quem apresenta sequelas ou complicações como resultado da infecção pelo vírus não será tarefa tão fácil para o já combalido sistema público de saúde do Brasil.
Certeza mesmo, de que a terceira onda atingirá o Brasil ninguém tem, mas que dá aquele frio na espinha, sem dúvida, dá. A partir do que estamos vivendo nesta segunda onda, com toda a estrutura comprometida e com o número crescente de vidas perdidas, é fato que o país poderá não suportar. Sem estrutura, teremos um número ainda maior de óbitos. Por isso, é fundamental, não apenas conter o vírus e o contágio, mas, sobretudo, melhorar a estrutura da saúde para, caso apareçam outras ondas, o país não seja novamente surpreendido. A omissão, nesse caso, poderá cobrar um preço ainda mais alto de todos nós...