Após um ano da sua chegada, a pandemia persiste e junto persistem os famosos decretos, que nem sempre são de fácil entendimento. Não só pela linguagem jurídica com que são redigidos, também por isso, mas principalmente pelas decisões que trazem, muitas vezes, tidas como incoerentes pela população.

Montes Claros é exemplo disso. O mais recente decreto libera a prática esportiva, mesmo as que são em equipe, em que o contato físico é constante, e não libera a apresentação de músicos em bares e restaurantes. Os bares e restaurantes já estão autorizados a funcionar, com restrição de horário e observação de todas as regras sanitárias. Diante disso, não faz muito sentido proibir a apresentação de músicos, que, geralmente, tocam sozinhos (voz e violão) ou em duplas e se mantêm distantes do público.

Se os indicadores que são (se que é são) analisados pelo munícipio e embasam as decisões nos decretos apontam que o esporte coletivo e de contato pode ser liberado, que dados impedem a liberação da música em bares e restaurantes? O mais grave de tudo é que a administração não tem diálogo com a população, nem com os setores prejudicados pelos decretos insanos. Talvez eles tenham de fato argumentos que mostrem que a presença dos músicos nesses locais pode provocar maior disseminação do vírus. Se é assim, por quais motivos não apresentam tais dados?

Em função da crise, não apenas na saúde, mas também da crise econômica, é mais do que urgente os gestores repensarem, não só o que determina os decretos, mas a forma de lidar com os setores prejudicados por estes. Sim, o vírus é cruel, por levar embora pessoas queridas. Mas desemprego, falta de recursos para se manter, também leva à morte. O vírus é irracional e vai seguir seu curso, mas os homens das decisões, imagina-se que não o são. 

Por tudo que temos vivido, espera-se que os gestores tenham mais sensibilidade, mais empatia e soluções mais inteligentes, efetivas e eficazes, que protejam a população, exterminando apenas o vírus.

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