Várias vias de Montes Claros transformaram-se em verdadeiras cataratas e lagoas, especialmente, com as chuvas que vêm caindo neste começo de 2020. Os prejuízos são generalizados, mas, sobretudo, há estimativa de que obras de infraestrutura em andamento possam ter perdido, juntas, mais de R$ 25 milhões, escoados pelo mesmo ralo estreito que deu vazão às águas pluviais.
A tempestade que caiu sobre o município na noite de segunda-feira, por exemplo, danificou as obras de adequação do canal do córrego do Bicano, na avenida Vicente Guimarães, orçadas em valor superior a R$ 19,8 milhões. A previsão era de que os trabalhos seriam concluídos em junho deste ano, mas o asfalto cedeu com o temporal da madrugada e o entorno ficou totalmente alagado.
Em outro ponto da cidade, o trabalho de compactação da ponte do canal do Cintra, orçada em mais de R$ 5,3 milhões, desbarrancou, gerando perigo para pedestres e motoristas.
Antes dessa chuvarada intensa, já prevista pela Estação Climatológica e por professores da Universidade Federal de Minas Gerais, O NORTE ouviu o secretário de Infraestrutura e Planejamento Urbano da Prefeitura de Montes Claros, o engenheiro civil Guilherme Guimarães, sobre a possibilidade de essas obras em andamento virem a ser prejudicadas com a intensificação das precipitações. O secretário, por sua vez, afirmou que as chuvas não prejudicariam o cronograma de obras da avenida Vicente Guimarães nem do córrego do Cintra, “porque elas foram previstas para ocorrer no período chuvoso e de estiagem”.
Além dessa grave situação das obras danificadas pelas chuvas intensas, os bombeiros confirmaram que a falta de drenagem e bueiros entupidos foram os principais responsáveis pelas dezenas de chamados registrados na segunda-feira, em função da tormenta. Consultado novamente pela reportagem de O NORTE, o secretário Guilherme Guimarães admitiu não ter equipes nem maquinários suficientes para atender à demanda gerada pela situação atual.
O que parece incrível neste cenário é como a administração municipal persistiu em não só deixar que o dinheiro público - e, também, recursos de cidadãos que tiveram prejuízos particulares a partir do descaso com escoamento de água pluvial e bueiros inoperantes - fosse jogado pelo ralo com as chuvas, mas, ainda, que a segurança da população fosse colocada em xeque.