O mês de junho já está na segunda quinzena sem que se veja pelas ruas fogueiras, sem o som da sanfona tocando aquele forró que faz todo mundo se mexer, sem a alegria das crianças com as chuvinhas e sem as delícias gastronômicas que marcam o mês junino.
Os clubes às escuras não festejam Santo Antônio, São João ou São Pedro e não se ouve o grito das quadrilhas. As barraquinhas que esperam os fiéis ao fim das missas no mês de junho não apareceram ainda ou estão bem tímidas.
O vírus que vem calando vidas, tirando a alegria do abraço e do sorriso, também calou os tradicionais festejos do mês de junho. Um dos meses mais esperados do ano pela alegria que traz, se transformou, neste ano, em apenas mais um mês. Já é o segundo ano em que a festança, a comilança do mês de junho não acontecem, deixando a vida ainda mais triste.
Além desse prejuízo emocional, a ausência dos festejos juninos causa também prejuízos financeiros, já que muitas cidades têm na tradição dos Arraiá, nas batalhas das quadrilhas, o seu ápice econômico, quando recebem turistas dos quatro cantos do mundo. Para estas cidades e para inúmeros comerciantes que têm seus negócios atrelados às festas juninas, os tempos têm sido de crise e de escassez.
Junho sem junina, não se tem dúvidas, nunca pode ser considerado junho. As homenagens aos santos que vinham em forma de foguetes a iluminar os céus, de muita música e calor humano foram trocadas pelas preces silenciosas, em clamor por ajuda contra a Covid-19.
Sim, é o silêncio que, aliado do temor de que novas cepas do vírus tragam dias ainda mais sombrios, tem enchido os dias e as noites desse mês sempre tão festivo.
É esperar então que Santo Antônio, São João, São Pedro e todos os Santos se apiedem de nós, trazendo de volta os dias de alegria, de sorriso estampado no rosto, de abraços...
Que em breve possamos voltar a celebrar a vida e não chorar mortes, que possamos ter de volta as quadrilhas, o choro de alegria da sanfona, o arrastar de pés das quadrilhas... Que os dias de medo fiquem enterrados no passado e o tempo seja de novo de festejos.