Hora de renegociar
Se existe alguma certeza na atualidade, é a de que ninguém, absolutamente ninguém, sairá ganhando neste cenário trazido pela pandemia de Covid-19. Não bastasse o medo que sentimos de uma doença que desafia médicos e cientistas, há as consequências econômicas e certamente sociais que virão de medidas adotadas para minimizar os estragos causados pelo novo coronavírus. A esta altura do campeonato, cerca de um mês após o início do isolamento social em Minas, até os mais céticos alguns dias atrás serão obrigados a dar a mão à palmatória: há, sim, uma doença se disseminando pelo país com uma velocidade assustadora; causando mortes mundo afora, aos montes, inclusive em nações que sempre se destacaram pelo emprego de tecnologia e pesquisa em saúde, como os Estados Unidos; e o desemprego em massa começa a se impor junto às empresas no Brasil.
Diante de um quadro como esse, em que há prejuízos generalizados, o diálogo poderá ser a única saída para minimizar os efeitos do novo coronavírus. Reportagem nesta edição mostra que, em Montes Claros, a inadimplência nos aluguéis já chega a 50%. Certamente, resultado do comércio fechado e da clientela que teve que sumir para preservar a própria vida. Situação que assusta o mercado imobiliário.
Ninguém duvida que este é um cenário excepcional. Então, é no mínimo razoável o enfrentarmos com soluções também excepcionais. Colocar proprietário e inquilino cara a cara, com as cartas na mesa, pode ser a única forma de que nem um nem outro saiam perdendo... tanto. O próprio setor arrisca que, caso um desacerto vá parar nos tribunais, a resposta só deverá sair em 2021... Um prazo que pode custar bem mais ao bolso do dono do imóvel do que uma conversa com quem aluga o bem, reduzindo temporariamente o preço, flexibilizando o prazo para pagamento ou talvez encontrando uma saída que ninguém ainda tenha pensado.
Esta é a hora da serenidade. E da paciência. Que soprem ventos melhores, sabe-se lá quando. Mas que, quando isso acontecer, as pessoas tenham tido a certeza de que fizeram do bom-senso o remédio possível contra o caos.