Sair de cena, nunca saiu. Mas já houve certo controle da prestação do “serviço”, com aumento da fiscalização e a disseminação de informações acerca dos perigos do transporte clandestino. Com a pandemia, a preocupação voltou. E há agora um perigoso recrudescimento de tal ilegalidade em todo o Estado.
Em menos de dez meses os flagrantes em veículos sem autorização para conduzir pessoas - até em nível intermunicipal - já superaram registros contabilizados em todo o ano passado. E o Norte de Minas é uma das principais rotas dessa atividade, que anda sempre lotada de inúmeros riscos aos passageiros.
Os veículos sem autorização não têm garantia das condições de segurança para trafegabilidade, pois não são vistoriados levando-se em conta este fim; nem tampouco seguem as normas sanitárias de prevenção à Covid-19. E o alerta contra a condução irregular de passageiros é reforçado com a chegada do feriado prolongado, quando a demanda costuma aumentar.
Até o início de outubro, 450 automóveis foram removidos nas rodovias estaduais ou de responsabilidade do DER-MG – em 2019 foram 435. Além de ter o carro rebocado, o motorista é multado em R$ 1,4 mil, o que não parece assustar quem insiste na prática. Não é raro que se constate condições precárias nos veículos usados pelos clandestinos, como pneus carecas, equipamentos danificados, falta de cintos de segurança e placas apagadas
Trata-se, como se sabe, de um problema crônico nas grandes cidades brasileiras, mas que torna-se agudo em períodos de crise econômica, como o atual, provocado pela pandemia, que empurrou milhares de trabalhadores para a informalidade, em busca de uma garantia mínima de renda.
Mesmo com essa necessidade real, não se justifica colocar em risco a vida de quem, na grande maioria das situações, foge do serviço legalizado para economizar, porque também tem os bolsos mais vazios.
Alerta ganha mais força com a proximidade do feriado: transporte clandestino é perigoso em muitos sentidos