A pandemia, que para muitos chegou a ser sinônimo de solidariedade e reflexão, trazendo, inclusive, o chamado novo normal, já não pode mais ser traduzida assim. É o que alertou o presidente da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom, ao deixar a diplomacia de lado, durante a abertura da Assembleia Mundial da Saúde, e dar um puxão de orelha nos países que hoje concentram 75% das vacinas.
Em seu discurso, Tedros chamou de escândalo o fato de esses países não se solidarizarem com a humanidade, já que não cedem doses das vacinas, não compartilham as tecnologias do processo de produção dos imunizantes e nem aceitam a quebra de patentes para que um número maior de empresas possam produzir o medicamento, garantindo mais doses disponíveis.
O número maior de doses será garantia de pessoas mais vacinadas em menor espaço de tempo. Para ele, essa é a equação que levará à queda da pandemia, colocando fim ao número de mortes, que acelera e desacelera constantemente, colocando em risco toda a humanidade.
Ao pedir aos países ricos mais solidariedade com os menos favorecidos, Tedros lembrou que, enquanto a vacinação não avançar em escala mundial, de forma democrática, nem mesmo a população dos países que hoje são donos das vacinas estará a salvo, já que as variantes do vírus podem trazer infecções que as atuais vacinas não consigam anular. Por isso, vacinar a população mundial, como um todo, o mais rápido possível, se faz tão urgente.
Reverter a situação está nas mãos dos países que controlam a produção da vacina. Somente a conscientização dessas potências mundiais para a sua responsabilidade humanitária é que poderá trazer de fato a esperança quanto ao fim do vírus e, por consequência. das mortes. Enquanto o sentimento de empatia, de compromisso com a humanidade, não fizer parte da vida dessas nações, o vírus permanecerá vencendo a guerra.
Por tudo isso, pelo bem de toda a humanidade é mais do que urgente que o espírito de solidariedade, tão presente no início da pandemia, se faça presente novamente, porque, persistindo o egoísmo, poderemos ser, nós, uma espécie em extinção.