Quando o lockdown, ou em português claro, o fechando das cidades, se tornou a medida mais adotada pelos municípios brasileiros para evitar a proliferação da Covid, levando inúmeros comércios a se manterem de portas fechadas, a volta do auxílio emergencial se torna necessário. O número de trabalhadores que ficarão sem condições de levar o pão de cada dia para casa é incontável e, sem as medidas da primeira “onda”, que ajudaram muitos a se manterem por mais uns meses no emprego, eles vão precisar de socorro.
As discussões na Câmara Federal e no Senado para a volta do auxílio estão adiantadas. No entanto, a discussão tem sido baseada na ideia de retirar recursos da saúde e da educação para criar condições ao governo federal de levar ajuda a quem perdeu o emprego em função da pandemia e do fechamento das cidades.
Traduzindo em ditado popular, querem desvestir dois santos para vestir outro. Com o Sistema Público de Saúde em colapso em todo o país, parece incoerência tal proposta. Se com os recursos existentes o cidadão, antes mesmo da pandemia, já não conseguia atendimento, socorro na saúde pública, com a retira das verbas que financiam o Sistema Único de Saúde (SUS), mais e mais brasileiros estarão à mercê de si mesmos e o número de mortes por Covid ou por outras doenças tenderão a aumentar. Sim, em troca de parcos reais que podem, sem dúvida, fazer a diferença na vida de inúmeros brasileiros, esses mesmo cidadãos perdem o direito a saúde e educação. A escolha é vergonhosa, e qualquer das opções pode decretar a morte física do cidadão: se não come, morre; se não tem atendimento quando está doente, morre também...
Vergonhoso mesmo é uma proposta destas ganhar eco no Congresso Nacional, eleito para defender o povo, para cuidar dos interesses e das necessidades do povo, mas que lega o povo não a segundo ou terceiro plano, mas ao fim da vida das prioridades de um país, rico por natureza. O mais grave é que, enquanto eles decidem a vida de cada um de nós, a saúde capenga, a educação agoniza e o cidadão, ahhh, o cidadão de joelhos perante realidade tão brutal e absurda reza a Deus, pedindo ajuda, porque da humanidade, já não espera nada.