A indústria no Brasil vem sofrendo por décadas um encolhimento. A burocracia, aliada a uma carga elevada de impostos, tem levado empresários a repensarem investimentos no setor, que teve queda ainda mais acentuada desde que a pandemia da Covid-19 aportou no país.
No primeiro semestre de 2021, por exemplo, a participação do setor manufatureiro no Produto Interno Bruto (PIB) ficou na casa dos 11,3%, menor percentual desde 1947, que mostra explicitamente o encolhimento do setor dentro da economia.
Ao longo dos últimos anos, o setor industrial vem perdendo o protagonismo econômico e cedendo espaço para que o agronegócio assuma a dianteira. O retrocesso, que segundo especialistas acontece desde 2000, mostra não apenas a dificuldade do setor em competir com produtos importados, mas também escancara a incapacidade de lidar com os constantes altos e baixos pelos quais passa a economia no país. A instabilidade econômica conjugada à queda do poder de compra do brasileiro têm provocado a involução do setor.
A promessa de uma reforma tributária que vem sendo adiada ano a ano poderia ajudar a indústria a melhorar seu desempenho, mas não significa que seria solução definitiva, já que a desindustrialização é um fenômeno que vem ocorrendo no mundo todo.
A diminuição da participação do setor manufatureiro na economia nacional tem dado espaço para que setores como o de serviços de tecnologia, saúde, educação, dentre outros, possam avançar e aumentar sua participação efetiva no PIB. No entanto, o encolhimento de um e o avanço do outro não têm sido capaz de trazer o equilíbrio necessário para a economia, como é demonstrado principalmente pelo aumento do desemprego.
Isso significa que as vagas abertas pelo setor de serviço ou, ainda, pelo agronegócio, que tem se tornado a estrela da economia no momento, não são capazes de cobrir as vagas perdidas com as demissões ocorridas nas indústrias.
Enquanto o ciclo não for quebrado, já que a economia fragilizada acarreta a fragilidade do setor manufatureiro, que por sua vez, traz ainda mais fragilidade para a economia, o brasileiro continuará sofrendo no bolso e na qualidade de vida com os solavancos econômicos.
As vagas abertas pelo setor de serviço e pelo agronegócio não são capazes de cobrir as vagas perdidas com as demissões ocorridas nas indústrias