Ônibus circulando em más condições, sem a devida manutenção, lotados e sem cumprir o quadro de horários. Essas são algumas reclamações que os passageiros sempre apresentam quando questionados sobre a situação do transporte público em Montes Claros. Agora, mais um problema entra para a lista: a falta do cobrador.
Desde dezembro do ano passado, dezenas de trabalhadores perderam o emprego. A medida foi adotada pelas empresas, com o aval da prefeitura, para reduzir custos e evitar o aumento da tarifa, hoje em R$ 2,85. O acordo selado entre empresas e município era de que 30% dos cobradores seriam dispensados. No entanto, não satisfeitos com o resultado no caixa, as empresas pediram um aditivo ao prefeito Humberto Souto, passando o índice de corte para 50%. Proposta que foi aceita pelo gestor, apesar do drástico impacto na vida dessas famílias e, também, dos passageiros.
É inquestionável o reflexo da ausência do trocador nas catracas dos ônibus. Sem esse profissional, cabe ao motorista conduzir o veículo – com segurança – e ainda receber a passagem e dar o troco devido. Situação que impacta no tempo de circulação das linhas, que passaram a atrasar mais, segundo os passageiros; impacta na segurança, pois o condutor precisa dividir a atenção em várias tarefas; e ainda provoca mais estresse nesse profissional.
Além disso, deve deixar cerca de 150 pessoas sem renda, já que a previsão é de demitir 50% dos 300 cobradores. Mas é mais fácil desagradar esses 150 trabalhadores e seus familiares do que as empresas – reduzindo a margem de lucro das mesmas – ou os milhares de passageiros, ao aumentar a tarifa.
Apesar dos argumentos das concessionárias de que o valor da tarifa está insustentável, diante dos aumentos dos insumos, elas venceram a licitação justamente por apresentarem o menor preço – R$ 2,75 – apesar de terem uma margem de até R$ 3,30. E todas as mudanças feitas com o aval do prefeito, que mais uma vez não se constrange em penalizar a população de Montes Claros.