A partir deste sábado, a vida de quem usa o WhatsApp, não apenas para trocar mensagens, mas para fazer negócios ou videoconferências, vai ficar um pouco mais complicada. É que a empresa vai colocar em prática sua nova política de privacidade, que impõe aos usuários o compartilhamento de praticamente todos os dados com o Facebook. Quem não aderir às novas regras vai perder, lentamente, o acesso às funcionalidades do programa. 

O que causa indignação em toda essa história é o fato de o WhatsApp estar tratando os usuários do Brasil, seu segundo maior mercado, com 120 milhões de clientes, como sub-cidadãos, já que para a União Europeia e para o Reino Unido as mudanças trazem a opção “opt-out”, que permite aos usuários desses países recusarem as novas regras, sem perder o acesso a qualquer funcionalidade. 

E ao contrário do que se imagina, a legislação desses países, que regulamenta os serviços da empresa, são semelhantes à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor no Brasil desde setembro de 2020. Portanto, além de não respeitar os cidadãos brasileiros, a empresa também não respeita as leis do país.

Vários órgãos brasileiros já recomendaram ao WhatsApp adiar a mudança e solicitaram mais explicações, pois os novos termos podem representar violações aos direitos dos titulares de dados pessoais, que estão protegidos pela LGPD. A LGPD, alertam as autoridades brasileiras, garante aos titulares o direito de aceitar ou não cada um dos muitos tipos de tratamento de dados e é exatamente essa liberdade de escolha que o WhatsApp está negando aos brasileiros. Sem dar atenção aos órgãos e à Lei, eles persistem com o plano de mudanças.

Ante tamanho desrespeito, os brasileiros deveriam não apenas se recusar a aceitar as imposições do WhatsApp, mas migrar em massa para outro aplicativo. Sem dúvida, essa reação coletiva e cidadã, demonstrando a indignação nacional, será muito mais contundente que qualquer tentativa dos órgãos brasileiros de barrar as mudanças. 

Porque, enquanto não nos conscientizarmos da nossa cidadania, continuaremos sendo tratados, não só pela WhatsApp, mas pelo mundo inteiro, como cidadãos de segunda classe.

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