Em um país em que o acesso à saúde é tão dificultado, torna-se praticamente impossível não se indignar diante de um cenário de abandono de ambulâncias. Reportagem desta edição de O NORTE mostra sete veículos identificados como “Samu” largados em um pátio do quartel do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, na avenida Viriato Ribeiro Aquino, bairro Canelas II, nos fundos da Rodoviária de Montes Claros.

Embora a explicação sucinta do Samu Macro Norte, responsável pelo atendimento a 86 municípios da região, seja de que os veículos deixados no local são “inservíveis” e irão a leilão, as imagens vistas deixam claro que há, no mínimo, peças e itens daquelas ambulâncias que podem ser reaproveitados. Os bancos, pelo menos, parecem em bom estado ainda.

Ocorre que, se aqueles veículos vão a leilão e se o recurso apurado com essa transação vai ser revertido para o mesmo fim – garantir acesso à saúde aos cidadãos que pagam impostos –, por que estão largados ao sol e à chuva, cercados pelo mato? Isso não vai estragá-los mais ainda e diminuir o valor que pode vir a ser apurado por eles?

E de quem é a responsabilidade por essas ambulâncias? Que órgão ou instituição as abandonou ao relento? Elas pertencem a algum município da região?

Enfim, há uma série de perguntas ainda não respondidas sobre essa situação deplorável e condenável, que soa como descaso do poder público para com os cidadãos. É imprescindível que a população saiba que esses absurdos ainda acontecem, como se fossem ficar às escondidas. Por menor que seja o valor que porventura possa ser apurado com a venda ou o leilão daqueles veículos, ele será mais baixo ainda se as ambulâncias continuarem se deteriorando como estão.
Definitivamente, não se pode tratar assim o bem público, a saúde da coletividade, a vida do eleitor, do cidadão, do ser humano.

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