Odorico de Mesquita Neto, advogado
Quem de nós não conhece a figura do bom velhinho, que é adorado por todos, especialmente, no Natal, a festa magna da cristandade, quando com um saco de presentes nas costas o Bom Velhinho faz a alegria da criançada? Na verdade, o pai da criança, o verdadeiro herói, muitas vezes com dificuldade, usa de criatividade e trabalho duro para comprar o tão desejado presente. No entanto, ainda no almoço do Natal vê o filho, eufórico, reconhecer em Papai Noel o grande realizador dos seus sonhos. Assim, ao meu sentir, foram as eleições à Prefeitura de Montes Claros no corrente ano.
O prefeito anterior, Ruy Muniz, eleito em 2012, trabalhou duro, botou em ordem a casa, pagou as dívidas do município e, com a sua competência incontestável, fez inúmeras obras e também projetos para serem realizados ainda em seu governo. Com a sua perspicácia e visão de gestor público inigualável, notou que na administração do ex-prefeito Jairo Athaide houve uma prorrogação da concessão da Copasa, sem licitação, à época já exigida por lei, sem que entrasse um só tostão para os cofres públicos e decidiu questionar.
A Justiça acolheu os argumentos da prefeitura e cassou a concessão da Copasa. Ruy, em obediência à legislação vigente, preparou a licitação e estabeleceu um preço mínimo para a Copasa ou qualquer outra empresa do ramo que viesse a assumir a concessão de água e esgoto de Montes Claros. A exigência era um mínimo de R$ 100 milhões, valor da época. Eis que, numa manobra política vergonhosa, como nunca antes houvera em Montes Claros, de forma covarde e vil, com o envolvimento de policial federal, de promotor de Justiça e outros, arranjaram um processo contra o então prefeito e com isso prenderam-no, afastando-o do cargo.
Eleito em 2016, o novo prefeito, HS, decidiu, passados dois anos, negociar com a Copasa, não pelos R$ 100 milhões previstos, inclusive em edital publicado pela prefeitura, mas por apenas R$ 60 milhões, em flagrante prejuízo para o município.
De posse desse dinheiro, com a maioria dos projetos deixados pelo prefeito anterior, Papai Noel fez a festa e chegou às eleições como o grande realizador de parte de nossos sonhos. E foi reeleito.
Resta saber se ele, sem os recursos herdados pela administração de 2012 e sem projetos, conseguirá assumir, mais um vez, o papel de Papai Noel.