O livro “uma vida sem berço” foi lançado pelo escritor Jorge de Azevedo no Atelier de Felicidade Patrocínio, em uma noite magnífica. Apresentado pela Presidente da Academia Montes-clarense de Letras, Ivana Ferrante Rebello e Almeida, que numa fala emocionada e inteligente destacou partes do livro, onde o autor narra a sua infância recheada de abandono e dores.

Começo a ler o livro e não consigo parar, concordando com o prefácio: “ Uma história de vida tão dramática, evocada com sofrimento e narrada como num grito poético de desabafo, a experiência da angústia e da dor fez-se o elemento transformador que levou à construção de uma existência autêntica, em virtude de uma férrea determinação.”

Abandonado pelos pais e avó, sobreviveu aos males da rua onde viveu criança, sem se contagiar pelos vícios próprios da rua, como ele narra: “Quando o morador de rua deita no chão molhado, ele esquenta o chão com o calor do seu corpo...” e isto para ele era um paraiso, comparado aos maus tratos que ele e sua irmã ainda crianças, receberam do seu pai, trancados em um quartinho sem janelas, no meio de baratas e sem comida, das surras com a correia da máquina de costura e depois o banho com água e sal sobre as feridas...” e outras atrocidades.

O livro tem passagens que doem na alma, quando descreve as crueldades por que passou. Sua irmã foi internada em uma instituição para menores e ele foi para a rua, fugindo do pai. “Somos um escarro, um vômito...” era o que ele dizia. E aproveitava até a luz de um poste para escrever seus poemas em cadernos que carregava dentro da mochila.

O autor afirma: “Eu venci!” Apesar de todo o sofrimento por que passou, hoje é doutor, escritor, arquiteto, com especialização na Europa, autor de vários livros de contos, crônicas e poesias.

É dele a frase inscrita no início do livro: “O homem pode e não pode ser fruto do seu meio, mas, sabiamente, o homem é fruto de sua construção.”