Há alguns dias vi uma mensagem dizendo que a Organização Mundial da Saúde, tendo em vista os avanços da medicina e a melhoria da qualidade de vida fez uma nova classificação, alterando a existente e que consta no Estatuto do Idoso, alterando para: Jovens de 18 a 65 anos; meia idade de 66 a 79; idosos de 80 a 99 e idosos de longa vida com mais de 100 anos.
Se há uma coisa que nunca escondi foi a minha idade, comemorando com alegria meus 85 anos, pois sei que é uma dádiva de Deus. Mesmo com esta nova classificação, continuo “idosa”.
Há um texto muito bonito que diz: “Muitas vezes as folhas caem, mas a árvore não morre. Ela suporta firme o inverno, na certeza de que a primavera vai voltar trazendo folhas, flores e novos frutos. Por isso, não desanime diante das dificuldades. Deus está presente em cada estação da vida. Ainda que tuas folhas caiam, você permanecerá de pé, pois o Senhor sustentará tuas raízes.”(desconheço o autor).
Mas quanta verdade encerra esse texto. Dentro de mim ainda existe a menina que brincava de roda, de chicotinho queimado, de esconde-esconde nas ruas empoeiradas de São Romão, minha terra; a adolescente que sonhava com príncipe encantado e que recebia serenatas nas janelas de sua casa, quando a lua pairava no céu; a jovem que sonhava ser esposa e mãe e que viu realizados esses sonhos e que hoje vive essa nova estação com alegria e amor à vida, à família e às pessoas.
A gente não envelhece quando ainda se tem sonhos, planos e esperança. No meu caso, ainda sonho com viagens, bisnetos e muitas coisas que ainda pretendo fazer. Apesar dos cabelos brancos e das rugas que teimam em aparecer aqui e ali, é preciso cultivar um espírito jovem, que acompanha as novas tecnologias e as mudanças que a modernidade nos trazem.
Há uns dez anos, quando eu chegava em alguma fila, precisava justificar minha prioridade, tendo até mesmo que mostrar minha identidade. Hoje, se vou chegando ao Banco ou outro lugar, o atendendo já estende para mim a senha prioritária, sem nada me perguntar. Fico feliz, porque reconhecem em mim uma idosa portadora de direitos. Mesmo que muitas vezes, por falta de educação alguns mais jovens me precedam nas filas, ignorando esta prioridade. Isto sem falar nas vagas destinadas a idosos e deficientes preenchidas por pessoas novas e cheias de saúde. Falta de educação e cidadania.