Glorinha MameluqueAdvogada e escritora

As festas de Agosto

Publicado em 30/08/2023 às 20:36.

As Festas de agosto em Montes Claros são a maior expressão cultural da cidade, quando as ruas se enchem de pessoas de todas as idades para verem e aplaudirem os cortejos que passam. Em São Romão, minha terra, também é o ponto alto nas festividades de agosto, lá chamada a “Festa de Nossa Senhora da Abadia”, pelo fato do dia 15 de agosto ser o dia da Assunção de Nossa Senhora. Ao contrário de Montes Claros, nesse dia comemora-se apenas esse fato. Em outubro, a história se repete para comemorar Nossa Senhora do Rosário e em maio, a Festa do Divino (Divino Espírito Santo). São três festas ao invés de uma apenas.

Na festa de Nossa Senhora da Abadia, o rei e a rainha são crianças, que desfilam pela cidade com seus pajens até à Igreja onde se celebra a missa. Na festa de Nossa Senhora do Rosário, rei e rainha são adultos e é uma grande festa, onde filhos de São Romão que moram em várias cidades, notadamente em São `Paulo, para onde foram em busca de trabalho, voltam para assistir e participar da festa.

Na festa do Divino não são reis ou rainhas, mas o Imperador e a festa também é de arromba. Lá os catopês de Montes Claros são chamados de “caboclos” e as roupas são muito simples: saiote de palha e blusa de malha. Na cabeça ostentam os capacetes com penas e a maioria desfila de sandálias havaianas ou até descalços. Nas minhas lembranças de infância, acordávamos bem cedinho para ver os caboclos chegarem. Vinham cantando “Caboclim que vem de cima, quali é sua missão...” e acompanhando o ritmo com seus arcos e flechas improvisadas pelo Rio São Francisco, dentro de uma lancha grande, o ajoujo. Todos corriam para o porto para ver os caboclos chegarem.

Além dos caboclos, tem também os congados. Estes vestem uma saia branca comprida e uma espécie de pelerine sobre os ombros e na cabeça um capacete coberto de espelhinhos pequenos. Todos levam pequenos pandeiros para acompanhar o ritmo da música. E cantavam: “O padre vigário mandou me chamar, para a crôa do rei, mandou me chamar”, enquanto fazem evoluções nas ruas acompanhando o cortejo do rei e da rainha ou do imperador.

Os cortejos são acompanhados pela Banda de Música, também formada por pessoas do povo, trajando roupas simples. Uma tradição de quase ou mais de 300 anos, desde que São Romão era Vila Risonha de Santo Antônio da Manga de São Romão.

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