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Glorinha MameluqueAdvogada e escritora

Amelina Chaves: uma lenda

Publicado em 31/01/2024 às 20:27.

O telefone toca. Vou atender e reconheço a voz. E a saudação de sempre: “Você é uma glória!” Era assim que ela me cumprimentava. E os telefonemas eram frequentes. Na maioria das vezes me pedindo alguma ajuda, porque não tinha muita habilidade com a tecnologia e pedia socorro, ora para divulgar alguma coisa, ora para outras situações. Da última vez foi para ajudá-la no lançamento do seu livro “Andarilhos do São Francisco” em nova edição. Para mim, sempre foi uma honra e um prazer atendê-la. E foi assim que a apresentei naquele dia:

“Quem sou eu para falar de Amelina Chaves.

Eu tão pequena, ela tão grande... um exemplo, um modelo, um ícone, uma mestra, uma doutora...

Tomei emprestado o que ela mesma fala: uma mulher comum, mãe de 15 filhos. Viveu uma guerra para ser escritora e ter direito de pensar. É autodidata. Estudou em uma Faculdade chamada sertão, montada na garupa do cavalo de Guimarães Rosa. Aprendeu tudo que podia: sobre as plantas milagrosas e sobre psicologia, com a benzedeira Zefa Papuda, que curava todos os males com um ramo verde. Descobriu os odores diversos; cheiros e gostos das frutas nativas. Aprendeu comidas típicas vindas das senzalas. Casou-se cedo; mudou de cidade. Mergulhou nas bibliotecas, conheceu escritores brasileiros e estrangeiros. Sempre sentiu uma sede desvairada de saber. Escreveu e publicou mais de 30 livros. e por último, recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Estadual de Montes Claros pelos serviços prestados à cultura regional, como professora, artesã, escritora premiada e membro de várias Academias de Letras....” .

Encontrei-me com ela dia 08 de janeiro, na posse da nova diretoria da Academia Montes-clarense de Letras. Agora, no mesmo local, ela está ali, serena, bonita, usando o fardão que tanto valorizava e arrodeada de amigos, da seresta que ela tanto amava, dos companheiros das academias, da família numerosa.

Ela se torna Imortal. Não por causa das Academias, mas pelo legado que deixa na cultura, no folclore e no coração de todos que a conheceram e amaram. Vá com Deus, amiga!

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