Embevecida com a beleza do imenso e iluminado auditório com dizeres luminosos UNICAMP, onde entre tantos formandos estava a minha neta Sara, não pude deixar de voltar meu pensamento a tantas imagens de sua infância.
Gêmea de Maria, tão iguais e tão diferentes! Quando pequenas, eram dois anjinhos coroando Nossa Senhora; eram duas pastorinhas no nosso presépio de Natal. Depois duas atletas competindo nos esportes do Colégio.
Tão iguais, que eu, vó, não conseguia identificar e distinguir uma da outra: os mesmos olhos azuis, os mesmo cabelos dourados, os mesmos traços, a mesma beleza. Sempre evitei chamá-las pelo nome, com medo de errar. Chamava-as: as meninas, minhas lindas... Há até uma foto de uma delas no álbum de família, onde escrevi: “Não sabemos se é Sara ou se é Maria...”
Mas cresceram: tão iguais e tão diferentes! Maria escolheu Medicina. Vive nos hospitais e plantões, estudando, aprimorando, sempre meiga e linda, apaixonada pela profissão que escolheu. Sara preferiu engenharia, vários esportes na Faculdade, surfista na praia, esportiva.
Agora já distingo bem: Sara cortou os longos cabelos. Antes, para me doar, quando perdi os meus, num gesto de amor. Depois radicalizou, bem curtinhos, para ficar mais com cara de surfista, mas sempre linda. Agora sei quem é Sara e quem é Maria. Não erro mais. Tão iguais, mas tão diferentes.
Ambas herdaram o meu gosto de escrever. Paro de divagar e volto minha atenção para a solenidade de formatura e de repente, mais uma emoção: para homenagear os professores chamam Sara. Surpresa para todos, que ela tão bem guardou. O discurso entusiasmado, maduro, competente e cheio de tudo que lhe enchia a alma, foi alvo de elogios nas falas posteriores dos professores. Teria que homenageá-los e o fez. Mas também homenageou o pessoal da limpeza e demais funcionários que tanto colaboraram com a vida dela e dos colegas, na Faculdade. Mostrou-se humana e agradecida. Conclamou a todos para promoverem a mudança que todos querem começando por cada um.
Orgulho de vó: pela inteligência, pela garra, pelo amor à sua família e pela família do namorado Diogo e fiel aos valores que lhe foram passados por seus pais Leopoldo e Liliann. Glória a Deus!