Na vida, é essencial parar e reconsiderar. Vou contar uma história. Estudei com Henrique de 2011 a 2014, e por um motivo tolo – acredito que da minha parte – deixei nossa amizade se perder. Às vezes, sem perceber, deixamos que certas pessoas se afastem. O vínculo se desgasta, o tempo corre, e quando nos damos conta, o outro já está a quilômetros de distância.
Mas o acaso, ou talvez a necessidade de resolver o que ficou para trás, nos colocou frente a frente em uma festa. Enquanto todos festejavam, nós sentamos e reatamos anos de amizade esquecida. Revisamos nossas histórias, trocamos ideias, nos atualizamos. Éramos os mesmos, mas tão diferentes. A dádiva dos reencontros está justamente nisso: perceber que, apesar das mudanças, ainda há algo ali, pulsando.
E foi nesse momento que me dei conta: será que os fatos aconteceram mesmo como me lembro? Se hoje sou outro, o que dizer do que fui? Se não sou mais o de ontem, como poderia ser o de dez anos atrás? Reconsiderar é mais que um ato de reflexão. Às vezes, é um reencontro consigo mesmo.
E encontrar consigo mesmo exige coragem, esforço e uma tremenda dose de paciência, porque o nosso eu de agora tende a ser impiedoso com o nosso eu de antes. Julgamos com os olhos do presente as escolhas feitas sob outras luzes, esquecendo que cada decisão foi moldada pelas circunstâncias do momento. Mas há um limite para essa revisão constante do passado. Nem tudo merece ser revirado, questionado, repensado. Algumas coisas simplesmente são o que são, cicatrizes silenciosas que não precisam ser reabertas.
Acredito que, no fundo, todos nós sabemos o que precisa ser resolvido e o que deve permanecer esquecido, guardado num canto qualquer da gaveta. Algumas dores precisam ser olhadas de frente, tratadas com o cuidado de quem limpa um ferimento antes que infeccione. Outras, no entanto, já cumpriram seu papel, já ensinaram o que podiam, e insistir nelas é o mesmo que tentar desenrolar um fio que se desfez em nós impossíveis. Nem todo peso precisa ser carregado, nem toda lembrança merece ser revisitada. Há sabedoria em saber o que deixar para trás.
Antes que eu me esqueça, quero te desejar os mais sinceros parabéns, Henrique! Que este novo ciclo seja repleto de alegrias, saúde e sucesso. Feliz aniversário