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Domingo,24 de Novembro
Alexandre FonsecaJornalista, mestre em literatura e doutorando em literatura

Nova York mineira

Publicado em 09/06/2023 às 20:00.

Sex And The City foi a primeira série que maratonei na vida. Na época, eu fazia estágio na redação de um portal de notícias e uma amiga repórter me emprestava os DVDs do box (naquele tempo, minha internet era de modem e não existia os inúmeros streamings que temos hoje). Em um malabarismo, ela ia intercalando os discos com todos que gostariam de acompanhar as aventuras amorosas e sexuais de Carrie Bradshaw, Samantha Jones, Miranda Hobbes e Charlotte York. Achei o episódio piloto tenebroso, mas resolvi persistir. Alguns anos antes, eu tinha lido o livro de Candace Bushnell que inspirou a série: uma decepção literária pura e genuína — um colunismo de costumes pedante, porém, bem menos cor-de-rosa do que eu imaginava. 

Neste mês, a série completou 25 anos desde que o primeiro episódio foi exibido pela HBO. Em uma época da minha vida, queria muito ser Carrie Bradshaw. Morando em Montes Claros, comecei a escrever para meus blogs, caminhava pela enfadonha Avenida Sanitária na tola esperança que ela se transformasse na Quinta Avenida; passei a usar botas de cowboy, porque elas me davam um certo ar glam que Carrie transmitia. Por um tempo, vivi essa fantasia e não me arrependo. Peregrinei pela cidade, fui a festas, conheci pessoas descoladas, tomei drinks bonitos. 

Não sei se como homem posso afirmar que não acho Sex And The City uma das obras mais feministas dos anos 1990 e 2000; afinal, quase tudo que as movia era uma figura masculina. Porém, acredito que o maior caso amoroso de todas era com o próprio grupo. Por isso, certa vez, Charlotte disse: “talvez a gente possa ser almas gêmeas umas das outras. E aí a gente deixa os homens sendo apenas pessoas legais que nos divertem”. E será que ela não está certa? Aos poucos, fui percebendo que sem meus amigos, eu jamais teria sobrevivido a um bocado de coisas. São meus amigos que me fazem acreditar diariamente no poder do amor e das relações. 

Com Carrie, aprendi que escrever é um processo terapêutico. Com Charlotte, que amor é um aprendizado contínuo. Com Miranda, que devo expressar minha opinião e lutar pelo meu espaço. Com Samantha, que não devo ter vergonha das minhas vontades. 

Um dia, espero rir de tudo e todos em Nova York.

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