Apesar de toda a minha bagagem política, tenho dúvidas sobre a existência de uma militância de direita; uma vez que o termo parece funcionar como um crucifixo na cara de Satanás para eles. Por essa razão, acredito que a militância seja uma característica peculiar da esquerda. Além disso, considero que o surgimento do Facebook desempenhou um papel crucial na propagação da militância brasileira, e posso afirmar isso com propriedade e autoridade, tendo eu mesmo participado (risos).
Quando a rede surgiu, lembro das discussões acaloradas e das problematizações chiques, como as discussões de letras musicais (vide “Panela Velha”, de Sérgio Reis); se devemos ou não utilizar a expressão “Olho gordo”; a dificuldade em achar restaurantes de comida japonesa no interior do Brasil; o possível critério estético de matar uma barata e deixar uma borboleta viver; pintar as unhas de apenas uma cor para pedir paz; barbas com flores pelo fim do patriarcado; socialistas não podem usar iPhone, entre tantas outras aventuras do mundo dos debates.
A linguagem do militante é a problema-tização. Por isso, posso afirmar que existem certos debates que não suporto mais. Não tenho mais paciência. Não tenho mais idade. Não tenho mais colágeno. Meu foco são outras questões, das quais não pretendo expor aqui. Não quero ofender ninguém com este texto, mas, afinal, convenhamos que a chatice do militante atrapalha mais do que ajuda.
“Ah, mas não estou aqui para agradar ninguém, Alexandre! Devemos incomodar sim para sermos notados ou trazer mudanças”.
Uma coisa é ser chato, outra é ser assertivo; focar nas questões que importam e que precisam ser debatidas. Nós não precisamos estar armados de nós mesmos e de palavras o tempo todo. Portanto, descansemos, militantes atuantes e reformados.