Coluna Sem Rodeios, por Manoel Freitas: publicação de sábado e domingo, 13 e 14 de janeiro de 2007

Jornal O Norte
13/01/2007 às 14:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:55

INDEPENDÊNCIA OU MORTE





Eleito deputado estadual, o último ato do vereador Ruy Muniz foi votar na chapa única que elegeu Cori Ribeiro, seu amigo de infância, presidente da câmara municipal. Entretanto, antes de declarar seu voto, diz que o fazia na esperança de que Montes Claros tenha a partir de agora um Legislativo forte e, principalmente, independente.





Aliás, Muniz não pediu nada demais ao seu amigo do tempo de calças curtas, muito menos para fazer picadinho do prefeito. O Legislativo, sobretudo de uma cidade do porte de Montes Claros, não pode – e nem deve – ser marionete nas mãos do Executivo. Ao contrário, sua missão mais nobre e é respirar na sua nuca, fiscalizar a aplicação de cada milhão que entra diariamente nos cofres públicos e que pouquíssimos sabem de fato qual o seu destino. 

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FOGO-CRUZADO

ATRASADO - A secretaria de cultura, tirando leite de pedra, porque a prefeitura prefere tratar a pão-de-ló outras pastas, está conseguindo transformar em sucesso o I Festival de Cinema de Montes Claros. A nata dos conterrâneos, que vive hoje da sétima arte pelo mundo afora, atendeu ao chamamento do titular da cultura, João Carlos Rodrigues. Mas a despeito da boa vontade das celebridades que prontamente voltaram à terrinha, ganharam – antes do coquetel servido ao final – um chá-de-cadeira de uma hora. Este foi o tempo do atraso da abertura do evento, anteontem, sob a alegação de que os organizadores esperavam apenas a chegada do prefeito Athos Avelino para dar o ponta-pé inicial.

MEA-CULPA – Que é voz corrente que o prefeito de Montes Claros não faz um bom governo, ninguém tem dúvida. Mas o que nos surpreendeu no seu discurso de abertura do Festival foi sua humildade. Diante de uma multidão se espremendo no auditório Cândido Canela, confessou que se sentia envergonhado em função da cidade não ter um teatro. Mais ainda, perdoou João Carlos por – insistentemente – implorar a construção de um espaço cultural para eventos dessa envergadura, até mesmo para justificar o título de Cidade da Arte e da Cultura.

CELULAR – Outro ponto curioso, que certamente passou em branco pelos menos antenados, foi o fato de o celular do prefeito ter tocado no momento em que discursava. Por sinal, a leitura de um texto previamente elaborado por sua assessoria, embora a oportunidade – pela emoção que a envolvia e o nível cultural de seus personagens – reclamasse um pronunciamento de improviso. Para jogar lama no ventilador (para não dizer outra palavra), concluiu sua fala agradecendo a presença na mesa de honra da jornalista Rita Bichara, superintendente da Fundação Genival Tourinho, rebatizada na ocasião pelo médico como Fundação Genival Toureiro.

DARCY – Ainda no festival que reuniu nos últimos tempos o maior número de artistas e intelectuais por metro quadrado, só o derradeiro orador, o cineasta Paulo Henrique Veloso, que dirigiu o vídeo exibido, Aníbal, um Carroceiro e seus Marujos, citou o nome de Darcy Ribeiro, não apenas o filho mais velho de Mestra Fininha, como sobretudo o intelecto mais brilhante da terra, reconhecido por especialistas como um dos dez mais do Brasil, em todos os tempos.  

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O auditório Cândido Canela, que faz no Centro Cultural Hermes de Paula as vezes de teatro, obrigou algumas dezenas de expectadores a colocar o traseiro no piso, por absoluta falta de poltronas ou cadeiras adicionais. Entre esses mortais comuns, franciscanos, destacava-sena primeira fila o advogado Antônio Dias, nada mais nada menos do que ex-deputado federal, ex-presidente da Assembléia Legislativa de Minas e prefeito por dois mandatos de Francisco Sá, onde desapropriou um matadouro para que a cidade pudesse construir um moderno centro cultural.

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Este escriba de plantão não tem autonomia para dar assinaturas para os leitores videntes de O Norte, mas nem por isso deixa de fazer um desafio: alguém arrisca adivinhar o quê tricotavam o deputado Carlos Pimenta e o vereador Ildeu Maia, a ponto de, mesmo fazendo ouvidos moucos, a deputada Ana Maria não conseguir esconder certa porção de ironia?

 

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