PONTA DO ICEBERG
As vaias recebidas na semana passada pelo prefeito Athos Avelino, durante a colação de grau de várias turmas da Unimontes, no ginásio Poliesportivo, representam muito mais do que querem crer seus asseclas. O coro não foi regido por nenhum maestro da oposição e tampouco reunia vozes de meia dúzia de gatos pingados: o recado foi dado sem nenhum porta-voz, por milhares de parentes de universitários e, como tais, verdadeiros formadores de opinião.
A voz do povo é a voz de Deus: como religioso que se apresentava em campanha, cabe ao chefe do executivo – num exercício de humildade franciscana – reconhecer que a nau de seu governo navega de nada a lugar algum e que os ventos nunca ajudam quem não sabe para onde vai.
Pôde aferir não apenas a baixa taxa de credibilidade de sua administração, como – principalmente e sobretudo – visualizar que mais cedo do que imaginavam seus defensores mais ferrenhos, seu prestígio resvala no chão. Apenas a ponta do iceberg: o pior está por vir.
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FOGO CRUZADO
EMENDA – Tão logo o prefeito Athos Avelino foi vaiado pela multidão que lotava o Poliesportivo, pela simples citação de seu nome, o reitor Paulo César Almeida tentou amenizar o impacto do coro. E deu no que deu: a emenda ficou pior do que o soneto. As vaias se estenderam por mais alguns minutos, mesmo a despeito da liderança que provou exercer no meio acadêmico com sua recente recondução para o cargo. Se o mesmo tivesse ocorrido na administração anterior, o ex-radialista teria – ao contrário – incentivado os apupos: nunca escondeu não comer no mesmo prato de Jairo Ataíde. A ojeriza era recíproca.
MISSÃO CUMPRIDA - O deputado federal Saraiva Felipe contabilizava oito mil votos em Montes Claros, com base na estratégia e nos exercícios de futurologia de seu quartel general montado na cidade. No fritar dos ovos, apurou exatos 4.777 votos. Ficou consolado porque em 2002, dobrando com Tadeu Leite – e com custo mais elevado – garimpou apenas 3.620 votos. No Norte de Minas, a colheita foi melhor do que a encomenda: foi o mais votado, com 132.697 votos, escore que o credencia tanto a retornar ao ministério da Saúde quanto ao exercício da liderança de Lula na câmara federal.
SALVADOR DA PÁTRIA – A demagogia teima em permanecer viva na prefeitura de Moc. Entra e sai prefeito, continua sendo um muro de lamentações, embora pouquíssimas pessoas do país tenham o privilégio de ter a chave do cofre no qual repousam anualmente quase R$ 400 milhões. Portanto, ainda que o atual governante tenha herdado uma dívida de R$ 70 milhões, diante de receita tão milionária, a cruz não seria tão pesada para quem se apresentava em campanha como o salvador da pátria.
INFERNO - Em palestra feita na Soebras, o jornalista Carlos Lindenberg, diretor de redação do Hoje em Dia, disse que Moc é a capital mineira do mototaxi.
- Um inferno – alfinetou.
Nem por isso o serviço é devidamente fiscalizado: os moto-boys, a maioria sem identificação ou credenciamento, continuam disputando no tapa, na Praça Dr. Carlos, passageiros da Alprino e Transmoc, desafiando a lei e afrontando as empresas concessionárias.
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COMO VINHO
No reveillon do Lumas, a atração principal era a banda Sapecá, que provou uma vez mais que a prata da casa pode – e muito bem – brilhar. Contudo, o astro de maior esplendor na passagem do ano foi Emerson Cardoso que, como os bons vinhos, melhora na medida em que o tempo passa. Aliás, diga-se de passagem, poucos são no interior de Minas artistas tão completos como Emerson. Um diamante, no verdadeiro sentido da palavra.