Colapso na saúde pública

Jornal O Norte
Publicado em 29/04/2008 às 10:18.Atualizado em 15/11/2021 às 07:31.

Sarah Pará


Cigana



Nada mais provinciano do que falar mal de alguém ou de alguma situação fora do nosso alcance. Ao fazer uma crítica, que ela seja ao menos construtiva, para apontar um caminho. A situação da saúde no Brasil é caótica. Nos municípios, as verbas destinadas para a saúde se evaporam, não raro são as denúncias de desvio por parte de algumas prefeituras. E quem paga o pato é a população!



Mas essa mesma população também tem sua parcela de culpa, principalmente quando aceita as imposições dos médicos e/ou dos hospitais. É muito comum o usuário, no afã de sua necessidade, ceder à picaretagem do profissional de saúde que o está atendendo, esses pseudos profissionais até usam a instituição como pano de fundo. A regra é: denuncie, denuncie, denuncie.        



Quantas vezes o cliente de algum plano de saúde foi abordado pela secretária, ou atendente, para cobrar uma taxa extra? O usuário é pego de surpresa? É assim que deveria se posicionar diante desse assalto, surpresa e indignação. Recentemente, fiz uma consulta na Fundação Dílson Godinho, usei o meu plano de saúde, que é do Ipsemg, plano este imposto pelo governo, como funcionária pública sou obrigada a aceitar o Ipsemg e não tenho opção.



Mas, tudo bem, quando nada a fundação aceitou cuidar de mim pelo Ipsemg, que diga-se de passagem, em Montes Claros essa instituição tem nova cara, muito mais respeito com o seu usuário.



A nova coordenadora, Sônia Rosa, é séria e comprometida com a instituição, com ela a fila anda mesmo! Não fui assaltada, mas fui imensamente desrespeitada pelo diretor da fundação, que por acaso foi o médico que aceitou fazer um procedimento cirúrgico em mim. As regras foram expostas, o dia da cirurgia agendado, o risco cirúrgico feito e apto para a cirurgia.



Numa segunda consulta, mostrar os exames, a auxiliar do médico Dílson Júnior, por nome Nice, perguntou-me se eu preferia apartamento, porque teria que complementar valor de anestesista, médico e hospitala. Questionei a razão daquele questionamento e afirmei que ficaria onde o meu plano cobria. Voltei para a minha cidade. A cirurgia estava programada para 22 de abril, a internação seria dia 21.



Às 17h30 do dia 21 eu estava na recepção do hospital, estava lá a caráter, para submeter-me àquela cirurgia, que alegria! Fui até de sandálias havaianas slim, travesseiro a tira-colo e meus livros de cabeceira: os sete hábitos da pessoa altamente eficaz, e o livro de São Miguel. Qual foi a minha surpresa? Não tinha vaga! Ora, se a cirurgia fora programada, tudo acertado entre mim, Dílson Júnior e Nice, com o aval do meu plano de saúde, como o paciente chega e não tem vaga? Fiquei ali, com cara de paisagem. Pensei em mil e uma fórmulas para fazer valer o meu direito de cidadã que cumpre religiosamente seus deveres.



Acabei de entregar o meu imposto de renda de pessoa física, e daí? Cadê meus direitos garantidos pela Constituição? Pensei em acionar o 190 para formalizar uma ocorrência, que se transformaria num inquérito policial e em seguida num processo judicial. Fiquei constrangida, com o desejo frustrado, senti-me ultrajada. No dia seguinte voltei ao hospital, procurei a ouvidoria da fundação e conversei um longo tempo com a titular Vanessa Godinho, que me apontou algumas falhas no procedimento de sua fundação.



Em seguida, conversei com o médico e a sua assistente, ele disse que imprevistos acontecem. Coitado, recebeu um coice de uma égua na fazenda, mas não foi por isto que ele não fez a cirurgia em mim. Acionar a justiça? Posso! Danos morais. Mas vou-me embora para Pasárgada! Alguém haverá de cuidar dessas questões. Que o sistema de saúde no Brasil é falido, isto é fato.

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