Mirian Cavalcanti Prado
Antes de ser emancipada, a mulher estivera às voltas com manifestos que contrariavam a sua liberdade. Egocêntricos, os homens temiam a possível chegada ao momento decisivo em que a partir de então, tivessem de enfrentar a divisão do seu lugar em potencial.
Sem voz nem vez para mostrar as suas aptidões, a figura feminina enternecida, resumia seu maior desejo no sonho de um futuro próspero, impossível de se realizar.
Era ela senão, pássaro aprisionado, enfermo e entediado. Exausta, ela decide por apelar. Destemida vai à luta forçando uma brecha para que as suas razões pudessem adentrar. Foi assim que iluminada pela fé, nasceu uma luz na possibilidade da conquista. Finalmente.
Em princípio, a mulher teve que enfrentar resistência. Protegido pelo marketing, o homem, vociferava controverso agarrado ao seu pedestal. Pois, nunca havia antes transferido à mulher nenhum dos privilégios a ele concedido. E, até então, não conhecia razões para se mergulhar nesse tipo tão amargo de “fel”.
Com o passar do tempo o preconceito e a ignorância masculina foram sendo substituídos pela imagem do homem maleável e pelo fortalecimento do espaço por elas vencido. O homem cabisbaixo e prepotente, cede. Vê de resto o chão para nele se arrastar.
Aos poucos, o lado impossível foi sendo substituído pela possibilidade. As asas dos machistas foram sendo podadas com o mesmo cortante usado para liberar as feministas das amarras. Num ato simultâneo, ambos foram admitindo a aceitação de seus lugares.
Equiparada ao homem, a mulher trôpega se ergue e, altiva começa a desvendar o seu mistério. Cicatrizam-se as chagas profundas que vinham carcomendo as suas entranhas.
A figura feminina respira aliviada e, sem mágoas, volta-se o olhar para trás, e bem distante confronta o passado com o presente. Só assim percebe a oportunidade que lhe foi conferida.
Sem mágoas pelo fardo que carregou quer apenas avaliar algo que lhe é dado refletir. Ela, mártir de seu ideal, foi um baluarte que nos orgulha. No passado, bem que poderia ser uma de nós, ou uma de nossas avós. Desnudando os tempos idos, imaginamos o que teria acontecido com tantas outras mulheres que nos antecederam ?
Sem dúvida lutaram bravamente por nós, com vistas a um bom lugar em época propícia onde pudessem proteger seus descendentes.
Indefesa, nossa avó de antigamente, remontou no tempo seu desejo de conquistas.
Ignorada, imortalizou ao verdadeiro sentido, à história do destino que traçou. Ao observarmos o seu papel de protetora dos seus herdeiros, vemos também a dimensão do espaço que bravamente conquistou.
Decorrente da luta feminina, o homem passa a aceitar, mesmo a contragosto a sua parceria com a mulher de quem neste momento usufrui e, aprova a nova máxima admitindo-se categoricamente a definição de um grande homem ser aquele que atrás de si tem sempre uma grande mulher.