Cavalcante é a maior família brasileira

Jornal O Norte
17/01/2008 às 10:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:23

Ricardo Oliveira Silva *

A maior família brasileira é a Cavalcante, de origem italiana, e não a dos Silvas, diferentemente, portanto, do que a maioria das pessoas pensa. É o que afirmam o pesquisador e deputado Cunha Bueno (PPB-SP) e o historiador Carlos Eduardo Barata, que acabam de lançar 3.000 exemplares da segunda parte do Dicionário das Famílias Brasileiras, composto por dois volumes, com o total de 2.724 páginas.

Recentemente, tal pesquisa da árvore genealógica da família Cavalcante foi concluída por um professor pesquisador da UFMG. Entre os 17.527 verbetes do dicionário está, em detalhes, a história do florentino dom Felipe (ou Filippo, em italiano) Cavalcanti, que veio para o Brasil em meados do século 16, desembarcando em Pernambuco, onde casou-se com a mameluca (mestiça de branco com índia) Catarina de Albuquerque. Eles tiveram 11 filhos, que iniciaram uma numerosa descendência. Segundo os autores, 16% dos brasileiros são descendentes de famílias italianas.

Cunha Bueno afirma que os Silvas, embora sejam muitos, não pertencem a uma única família, como a dos Cavalcantes, conforme o sobrenome também passou a ser grafado no Brasil. Além disso, de acordo com Barata, o sobrenome Silva, que já era comum em Portugal na época do descobrimento do Brasil, foi adotado por muitos brasileiros. Por isso foram incluídas nos dois volumes do dicionário as famílias das grandes levas de imigração que ocorreram depois da segunda metade do século 19, indo um pouco além de 1945, após a Segunda Guerra Mundial, destacando-se as de italianos, japoneses, alemães e árabes.

Midory Kimura Figuti, diretora do Memorial do Imigrante, em São Paulo, afirma ser justo a inclusão no dicionário dos sobrenomes de pessoas dessas correntes imigratórias.

- Afinal, para ser brasileiro, não é preciso ser quatrocentão, ou melhor, quinhentão - disse ela, referindo-se às famílias que estão no Brasil desde os primeiros anos da colonização. A obra está disponível em várias bibliotecas do país.

O CD-ROM que acompanha os volumes que estão sendo lançados agora contém todas as informações do dicionário, incluindo as da primeira parte, cuja edição está esgotada. No CD, estão ascendentes de pessoas que hoje fazem parte do noticiário, como Fernando Henrique Cardoso, Armínio Fraga, Marta Suplicy, Paulo Maluf e Paulo Autran. Mas faltam nomes como o de Gustavo Kuerten, o Guga, de Gisele Bündchen, ambos de ascendência alemã, Ana Paula Arósio, com ancestrais na Itália, e Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, da linha africana. Barata e Cunha Bueno afirmam que já estão preparando uma continuidade do dicionário, que provavelmente será lançado em breve e uma edição só para as famílias de origem italiana, prevista para o próximo ano.

- As pessoas que ficaram até agora fora do dicionário poderão estar na seqüência da publicação - afirma Barata. Ele diz ter um banco de dados com cerca de 300 mil sobrenomes.

* Pesquisador

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