Adilson Cardoso *
A poesia é considerada uma das sete artes tradicionais, onde a linguagem do homem a utiliza com fins estéticos. O que também pode ser de forma anti-estética ou até anti-ética se a licença poética não acudir. O sentimento determinante naquele exato momento provoca a reação no poeta, que se arma da sua inspiração e desabafa. Quando o amor lhe aperta o peito e o suspiro lhe deixa odorante o olfato, ele derrete seu lirismo e vai vagar pelo ramalhete das suas lembranças lisonjeado com a cantiga. Mas se a emoção lhe furta o oxigênio, e as lágrimas do desprazer, incomodam o seu desejo, o céu fica nublado, e a poesia intervém, denunciando do fundo do amago as dores lascivas do poeta. Alvares de Azevedo (1831-1852) poeta, escritor da segunda parte do Romantismo , debruçou sobre os ombros da poesia para lastimar suas amarguras, da sua obra póstuma “Lira dos Vinte Anos” nos vimos, ” Pálidos sonhos do passado morto, é doce reviver mesmo chorando, a alma refaz-se pura. Um vento aéreo parece que do amor nos vai roubando.”
Mas o poeta não tem a atenção que merecem seus atos inquietos, a poesia vive a margem das invenções do homem urbano. Enquanto a História nos mostra a sua importância na antiguidade, suas relações sociais e seu papel essencial. Hoje nós temos apenas uma relação anual com a nossa poesia contemporanêa, esta deliciosa sensação perdura por sete dias e o mestre “Aroldo Pereira” batizou-a de “PSIU POÉTICO”. Esta relação é mais que um coito poético, é algo além do gozo literário. É uma relação de fidelidade , não deixando o prazer de lado, com direito de afiar a lingua e gritar como se queira, quem manda é a poesia, o descaramento do gesto, a ternura do sentir. Mas é preciso procriar, desta união sagrada-profana deve nascer os novos filhos, poetas em suas fases fálicas, engatinhando para a puberdade do próximo Psiu. Assim se desconstroi e constroi, as faces do novo mundo tomam na cara o escarro manifesto da liberdade de expressão. Combate-se a corrupção, foge-se do ladrão, toma a arma do pivete e lhe ofereça poesia. Vamos todos ficarmos nús, assim não teremos bolsos para guardar o dinheiro que compra drogas e enriquece traficantes, que mata o cara que ele mesmo viciou. O poeta não é alienado. O russo “Cubo-Futurista” Maiakovski (1893-1930), foi um poeta que buscou conciliar as aspirações do povo com os idéais futuros, para a elevação da poesia em seus conceitos dramaticos. Numa dessas inflamadas inspirações o poeta vociferou : “Ressucita-me! ainda que não seja, por que sou poeta, e ansiava o futuro”. E Aroldo Pereira encerra: “ Desmistifica o tédio, escreve, constroi, arquiteta a vida, como quem entende.”
* Aprendiz de escritor