Felippe Prates
Incompetente, Bush governou a América com a convicção absoluta do que certo, desconhecendo, por ignorância, que o certo é uma equação simples somente na aparência. Em sua essência, sua certeza messiânica acabou devastando o país em seus fundamentos morais, políticos, militares, diplomáticos e econômicos.
Ainda na semana passada, por ocasião da última entrevista na Casa Branca, foi lhe perguntado qual o seu próprio veredicto sobre os oito anos de turbulência máxima do seu governo. A resposta soou como mais uma de suas antológicas e lamentáveis gafes verbais: “Nos divertimos bastante”, resumiu, para definir como atravessou os ataques terroristas do 11 de setembro, duas guerras, a devastação deixada pelo furacão Karina e a pior recessão desde os últimos anos 30! A guerra no Iraque seria cômica se não fosse trágica. Atrás de uma informação furada arrasou o pais com a desculpa de impedir uma guerra química que jamais existiria, por falta de material bélico próprio (bactérias e micróbios), matando dezenas de milhares de inocentes civis iraquianos, inclusive seu presidente e mais de 4 mil jovens reservistas americanos! O rolo é de tal ordem que Bush perdeu o fio da meada e não consegue acabar com essa “guerra”, que todo dia mata mais gente e trazer os soldados americanos que sobraram de volta à América. Quer dizer: trata-se de um genocida e é de se estranhar como as mães americanas que perderam seus filhos na flor da idade com essa criminosa estupidez, uma por uma, ainda não processaram o assassino Bush, chefe das Forças Armadas de seu país, levando-o a ser condenado a morte, de preferência enforcado (crime de guerra pode), uma pena ultrajante que ele bem merece, igualzinha à imposta pelo capiau besta fera a Saddam Hussein, por um tribunal encomendado, mentiroso e corrupto.
Uma questão fundamental: o mundo piorou ou melhorou sob sua liderança?
A convicção de Bush de que a resposta só pode ser “melhor”, deverá acompanhá-lo até o último dos seus dias no poder. Escudado num otimismo solar, quase maníaco, que desafia fatos e afasta indícios, George W.Bush é o tipo de homem que precisa acreditar que o mundo ficou melhor. O fato de o país ter corrido às urnas em novembro para garantir a acachapante vitória dos Democratas com Barack Obama, não parece ter sido suficiente para arranhar suas certezas. No máximo, causou-lhe decepção.
Apenas alguns graus acima disso, uma “decepção grande”, lhe causou o caso “Abu Ghraib de tortura sistemática de prisioneiros iraquianos por militares americanos, revelada pelo jornalista Seymour Hersh, em 2004.
Em nenhum momento Bush atribui a si as raízes dos seus fracassos. Reconhece como sendo seus apenas alguns “excessos de retórica”! Uma bobagem. Seus célebres perrengues com a língua inglesa, já compilados em robusta antologia na internet, que abastecem as piadas e o deboche do mundo inteiro, retratam o que ele tem de mais autêntico, além da bonomia: suas dificuldades em pronunciar as palavras “nuclear” ou “Abu Ghraib”, o que, na verdade, não causam dano a ninguém. Já a autorização para a adoção de técnicas de tortura contra prisioneiros de guerra, encarceramentos ilegais e a violação das leis internacionais e nacionais, tudo em nome da guerra total ao terror, roubaram da sociedade americana o traçado preciso dos fundamentos morais do país.
Para desconforto da imprensa, a opinião pública jamais pareceu se incomodar com os “bushismos” e sempre os entendeu. Alguns exemplos tornaram-se célebres. “O ser humano e os peixes podem coexistir”, proclamou certa vez, com fervor, empenhado em melhorar a imagem de um presidente que se recusou a ratificar o Tratado de Kioto, aquele sobre a preservação do meio ambiente e da boa qualidade de vida. “O Japão e os Estados Unidos mantêm uma relação pacífica há bem mais de 150 anos”, noves fora Pearl Harbor, Nagasaka e Hiroshima, diriam algumas pessoas mais bem informadas. “O colapso financeiro bateu às portas da América? Mas eu sei o que é um orçamento. É uma montanha de números.” E, ainda, por ocasião de uma visita de incentivo à leitura a alunos de uma escola na Carolina do Sul, quando garantiu que “uma das melhores coisas em livros é que, às vezes, eles têm fotos fenomenais.
A partir desta terça-feira, dia 20 de janeiro, “Dabliú”, como passou a ser apelidado, o pior presidente dos Estados Unidos até os dias de hoje, que colecionou em oito anos na Casa Branca incontáveis derrotas e decepções, incompetente, ignorante, grosso, mal educado, um homem profundamente chato se aposenta aos 62 anos de idade, com direito a um escritório em Dallas, assessores, verbas para viagens, seguro saúde e uma pensão anual vitalícia de 197 mil dólares, equivalente à metade do seu salário atual, proteção do Serviço Secreto por dez anos, ou seja, tudo o que ele não merece.
- Estou com 77 anos de idade e nunca vi o meu país num estado tão lamentável, constatou Harold Bloom, professor de literatura da Universidade de Yale, figura freqüentemente solitária no debate cultural americano. “A verdade feia, nua e crua é que agora somos responsáveis pelo Iraque, pois destroçamos o país e as suas ruínas nos pertencem. Igualmente lesamos gravemente a economia dos países do mundo inteiro, que sempre acreditaram em nós e seguiram os nossos passos. As demais, as fartas ruínas decorrentes da catastrófica presidência Bush, igualmente nos pertencem!”
“Vade retro”, satanás Bush. E, a caminho do ostracismo, não se esqueça de passar pela PQP.