Brasil precisa aprofundar discussão sobre a eutanásia

Jornal O Norte
26/07/2005 às 16:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:49

O MS - ministério da Saúde pretende escolher apenas pacientes com chances reais de recuperação para ocupar as UTIs - Unidades de terapia intensiva da rede pública dos hospitais. Para isso, serão estabelecidos indicadores de prognóstico baseados em evidências científicas utilizados tanto na internação como na alta.

As normas vão compor a nova política para pacientes críticos que ainda devem passar pelo crivo dos secretários estaduais e municipais de saúde, além do CNS - Conselho nacional de saúde.

A Câmara de bioética do Cremesp - Conselho regional de medicina do estado de São Paulo também discute a elaboração de uma medida que salvaguarde o médico no caso da adoção de qualquer conduta com o paciente irrecuperável.

O infectologista Caio Rosenthal, membro da câmara e um dos conhecidos defensores da eutanásia diz que a falta de leitos atualmente faz com que a todo momento o médico tenha que decidir sozinho quem fica ou quem sai da UTI.

O diretor do departamento de atenção especializada da SAS - Secretaria de atenção à saúde, do MS, Arthur Chioro, declarou que o grande problema não é a falta de leitos, mas a má gestão dessas unidades e a falta de médicos capacitados.

Sobre a prática da eutanásia, ele afirmou que a sociedade necessita criar a cultura da boa morte, da qualidade de vida até o fim e não do prolongamento desnecessário. Arthur explica, ainda, que os critérios para a nova política nas UTIs serão elaborados pelos técnicos do ministério em parceria com os médicos.

Para Karla Beatriz Lopes, universitária, a eutanásia é um modo de aliviar a dor do paciente, além de ajudar os parentes, que muitas vezes têm alto custo com hospital.

Também devem ser elaboradas normas para o cuidado do paciente grave fora das UTIs, como nas unidades de emergência e semi-intensivas, nas enfermeiras e nos casos em que o doente preferir ficar em casa.

CRIME

A eutanásia ainda é crime. O advogado, Jackson Antunes, diz que o principal problema em relação à eutanásia é que os médicos não conseguem enxergar a extensão das conseqüências de tal ato. Para ele, o que se sabe - ainda que de forma muito velada, é que os hospitais realmente praticam este crime.

- Hoje não existe a menor brecha na lei para que se venha isentar de pena alguém que tenha praticado a eutanásia. O debate sobre esse assunto, que vem sendo discutido pela mídia não pode ficar restrito apenas ao poder legislativo, pois a situação é demasiadamente importante e merece uma consulta popular.

Ainda segundo o advogado, a regulamentação do procedimento, deve ser muito bem analisado para que jamais seja motivado por disputas de herança, relacionamentos conjugais mal resolvidos e outras situações que não as humanitárias.

Para algumas pessoas, a eutanásia é um recurso que põe fim ao sofrimento de pessoas e também de seus familiares, que comprovadamente apresentam um quadro clínico grave irreversível, ou seja, que já não tem mais chances de recuperação.

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