José Wilson Santos
zewilsonsantos@hotmail.com
Ao contrário – mas muito pelo contrário mesmo! — do glorioso BNB, que fechou seu balanço anual com lucro líquido de mais de R$ 400 milhões, o Degas aqui comunica aos distintos credores que fechou 2009 com mais de seiscentos contos no vermelho.
Como o sistema não aceitou decretar minha falência pura e simples, venho a público avisar que encontrei um jeito supimpa de ir pagando os penduras de forma democrática – de maneira, penso eu, a agradar gregos e troianos.
Seguinte: vou fazer um brogodó e retirar do chapéu, ao final do mês, o nome do felizardo que receberá ao menos um cala-boca.
Mas aviso desde logo: quem espernear contra meu moderno sistema democrático de honrar penduras, terá seu nome retirado do chapéu e vai pro fim da fila. Sem chorumelas.
Estamos conversados?
Isto posto, comunico também que estou procurando formas de aumentar a renda. É quase certo que venha fazer concorrência ao Maçarico, aderindo ao consagrado sistema de rifas.
Estou estudando uma maneira de fazer as transações por e-mail, pois além de estar fissurado nesta modernidade, penso que bater perna pra vender rifa deve dar muito trabalho.
Ademais, não tenho prestígio pra fincar banca no Café Galo, ao contrário do meu-quase-certo-concorrente, e esperar a turma fazer fila pra participar de minha rifinha.
Enquanto não melhoro meu pro-labore, busco soluções alternativas pra me manter nos botecos, que são minha perdição. No momento, estou aperfeiçoando sistema de baixíssimo consumo, que me permite ficar bem na fita sem meletar birita dos amigos. Afinal, a época é de vacas magras. Peço uma cerveja mas não deixo o garçom abrir, que é pra não gastar (isto me permitiu, inclusive, constatar que cerveja é um péssimo investimento, à medida em que pagamos quase três contos pela garrafa da bichinha e depois mijamos ela todinha).
E deito o cabelo na branquinha, que, alambicada, custa solamente R$ 0,50 a dose. Mas faz favor: não peça uma pinga, pra não soar depreciativo junto ao mulherio. Peça um aperitivo, duas rodelinhas de limão (que normalmente não tem custo adicional) e um copo duplo de água da Copasa, bem gelada, que também é de graça. Quando o garçom distrair, improvise uma caipirinha (leve o açúcar, despistadamente, no bolso) sem ter que morrer em R$ 4,50. Caipirinha é chique no úrtimo. Com três, cê fica até lá pela meia noite, gastando apenas R$ 1,50.
Para comer, o Degas aqui tem levado quatro torresmos fritos em casa. Alegue que seu médico recomendou bacon frito no azeite, por causa do colesterol, que o garçom faz vista grossa.
Se pode um trem deste?
No boteco do Vô, no Cidade Nova, tem podido. Diplomático, ele faz todas as concessões pra não sair do brogodó. E ainda deu sugestão supimpa: realizar o sorteio cada mês em um estabelecimento credor, para não haver dúvidas quanto à lisura do processo.
Só faltou exigir a presença dos fiscais do Procon.
Vô sabe das coisas, Índio Velho. Inclusive, que deve me dar um descontaço por aparecer aqui neste minifúndio de papel de O Norte, o qué é bom pra dedéu para o negócio dele. Sacumé, né, meu chapa? Propaganda é a alma do negócio!