ATÉ ONDE IRÁ O FENÔNEMO MARINA SILVA?

Artur Leite

Jornal O Norte
Publicado em 02/09/2014 às 01:16.Atualizado em 15/11/2021 às 16:36.

Tenho percorrido a região em trabalho profissional e posso testemunhar mais uma vez que na política não existe previsão exata dos acontecimentos. Em nenhuma cidade tem um cartaz, cavalete ou mini outdoor com a foto de Marina Silva.  No entanto ela não sai “da boca do povo”. Mas deixando este assunto para depois, é preciso analisar este fenônemo que está “atazanando” a vida de Dilma e Aécio Neves, candidatos à presidência da República. A situação do PT e PSDB no caso precisa ser analisada com técnica e frieza para se chegar a uma conclusão, ou seja, ATÉ ONDE IRÁ O FENÔNEMO MARINA SILVA? O jornalista Nassif faz uma análise interessante e que coincide com a minha. Como Minas Gerais tem um papel central nas eleições, é bom mostrar a visão do PSDB no quadro atual.

“Se o PSDB perde a disputa nacional e em Minas, no máximo restará São Paulo e o Paraná para o partido. E o governador Geraldo Alckmin não é, nem de longe, o caudatário dos princípios do partido. Praticamente, desaparece o PSDB.

Por outro lado, se o PT perder a presidência e o governo de Minas, praticamente será alijado da política nacional, porque as pesquisas indicam escassas possibilidades de vitória em todos os demais estados.

É uma situação única, desde a eleição de Fernando Collor em 1989.

Na avaliação dos aecistas, Marina passou a cavalgar a onda antipetista nacional.

Até a morte de Eduardo Campos, esse antipetismo estava concentrado em Aécio, mas ainda sem perspectivas de garantir o segundo turno. No comitê de Aécio, torcia-se pelo crescimento de Campos, para chegar ao segundo turno.

Quando estava começando a caminhada para o segundo turno, a morte de Eduardo Campos virou o cenário político de pernas para o ar. Marina passou a encarnar o sentimento antiPT em todo o país, com componentes novos comprometendo todas as estratégias de todos os partidos.

As pesquisas qualitativas do PSDB, por exemplo, têm notado um componente inédito: a ideia de que Marina não entrou no avião acidentado graças à providência divina. É uma sensação que surge não apenas entre evangélicos e pessoas de menor renda, mas entre católicos e pessoas de maior renda.

Primeiro grande baque é a digressão do voto útil contra PT. Começa-se a falar em vitória de Marina no primeiro turno. No comitê de Aécio acredita-se que Dilma esteja montada em um percentual histórico de votos do PT que tornará o segundo turno inevitável. Mesmo assim, o simples fato de surgir a dúvida, mostra o ponto a que se chegou a ameaça Marina.

Outro ponto que tem incomodado os aecistas é o que consideram tratamento benevolente da mídia às derrapadas de campanha: o avião de Campos e os cachês para palestras de Marina. Entre eles há a sensação de fim do pacto com os grupos de mídia. Um porta-voz de Aécio indagava se haveria a mesma consideração da mídia se os suspeitos fossem do PSDB ou do PT. Todos seriam obrigados a indicar os patrocinadores.

Consideram um grande desafio a desconstrução de Marina. Sua constituição frágil, seu próprio estilo de se auto-vitimizar, constituem-se um risco para campanhas mais agressivas. E seus defeitos maiores - a facilidade com que muda de opinião, por exemplo - são mais difíceis de transmitir através do horário gratuito.

A entrada de Marina desmontou todos os raciocínios da campanha, inclusive em Minas.

Agindo na frente nacional, Aécio descuidou-se de Minas. O tempo que passou afastado do estado, no Senado e na campanha, acabou afetando a posição do PSDB.

Além disso, entrou uma equipe nova na campanha e Pimenta da Veiga, com nova abordagem diferente da abordagem original de Aécio. Durante doze meses, havia homogeneidade nas propostas e na forma de comunicação. A equipe de Pimenta da Veiga mudou o discurso.

Além disso, houve um curto-circuito na cabeça dos eleitores, que torna a campanha totalmente atípica, segundo o comitê.

O candidato do PT, Fernando Pimentel, faz uma campanha totalmente dissociada da imagem do partido. Utiliza a cor azul, menciona mais sua condição de ex-prefeito do que a de ex-ministro. E quando menciona a de ex-ministro, não informa que foi do governo Dilma.

Segundo o comitê de Aécio, a coincidência de sobrenomes – o candidato do PSDB é Pimenta da Veiga – contribui para a confusão dos eleitores.

O resultado final é que o voto anti-PT do estado foi para Marina, enquanto seu candidato ao governo não tem mais que 2% das intenções de voto.

Pelas pesquisas do PSDB, Aécio está com poucos pontos à frente de Dilma, muito menos do que esperava.

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