As meninas lavadeiras de Guaribas

Jornal O Norte
30/09/2005 às 11:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:52

Damião Alves *

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas. Vivem pros seus maridos, poder e raças de Atenas. Secam por seus maridos, poder e raças de Atenas.

Lendo e relendo estas estrofes de Mulheres de Atenas, de Chico Buarque de Holanda, miro meus olhos na fotografia - em recorte de revista - das meninas lavadeiras de Guaribas, cidade cravada no sertão piauiense.

Para quem chega, um grande outdoor azul com letras brancas saúdam os visitantes com a frase Sejam bem-vindos a Guaribas’. Uma pequena e misteriosa cidade. Uma das dez mais pobres do país. Tendo principalmente a miséria como seu principal cartão postal, onde o abastecimento de água e luz é precário e as ruas não têm saneamento básico. Alem de não ter um único leito hospitalar. Sem ter onde tratar as crianças desnutridas, nem uma mulher quer dar à luz.

Em Guaribas, criada há 18 anos, as pessoas sobrevivem com um terço do salário mínimo, ou seja, $ 100. Mesmo tendo construído um salão de beleza, um açougue e uma padaria, a pacata cidade piauiense sobrevive às dificuldades municipais e aos hábitos rudes.

Todos os dias, as meninas desfilam pelas ruas mal cuidadas e poeirentas, com bacias e baldes carregados com roupas que vão ser lavadas em córrego bem próximo. Elas vão cantando e brincando pelo caminho, porque o destino não lhes reservou coisa melhor.

* Aprendiz de cronista


Texto condensado da revista Veja

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