Jeny Canela Perosso
Pedagoga
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Escrever é uma prática social das mais proficientes a formação política e humanística das pessoas na medida em que sugere, dentre outras, a possibilidade de estarmos em movimentos contínuos num exercício delicioso e de uma amorosidade indescritível que nos faz aproximar da leveza e da capacidade de nos colocar eventualmente no lugar do outro.
Sinaliza para possibilidades reais de convivências mais saudáveis com a generosidade, a cooperação e a equidade e sugere na mesma concomitância, a necessidade de nos mantermos antenados aos fatos e exercitarmos o direito inalienável de fazermos nossas próprias inferências acerca dos mesmos. Garante, o ato de escrever, uma sensação indescritivelmente excitante somente possível de ser verdadeiramente externada e melhor compreendida com o hábito mais freqüente da prática.
Pode ser definida também como a habilidade que as pessoas adquirem nas relações que estabelecem com o semelhante e com o entorno de concatenar idéias conferindo-lhes forma e visibilidade na busca do registro de impressões, conforme convicções pessoais, acerca de ocorrências que nos emocionam, ou não. Pode constituir-se, se assim o deliberarmos, em deliciosos e extasiantes momentos de prazer. E, por conseguinte, de postura política na medida em que exige esforços e decisão, bem como posicionamento frente as situações quaisquer que sejam, independentemente da natureza e especificidades das mesmas, bem como das conseqüências naturais ate certo ponto, da ousadia que sugere o exercício da escrita com essa conotação.
Sugere, o ato de escrever, alem da possibilidade de nos desnudar de nós mesmos, o desejo de brincar com as palavras que são, na minha opinião, matéria prima de valor afetivo, social e político dos mais valorosos e significativos e com as quais podemos estabelecer doces e profícuas intimidades numa salutar interatividade que permite também a condição de eternos aprendizes tal qual o somos mormente pelo fato de que escrever abre perspectivas e alarga horizontes.
Pode-se assentir, portanto, que a escrita é, indubitavelmente, instrumento dos mais importantes a participação na vida em sociedade na medida em que instiga a criticidade e nos faz agir e pensar autonomamente. Fato que justifica, dentre outros aspectos, a natureza política da referida pratica que contribui para massagear o cérebro funcionando como bomba injetora de estímulos positivos relacionados a capacidade que todos temos de enfrentar situações conflitantes próprias do mundo competitivo, sem receio de nos desgastar, desenvolvendo a difícil condição de valorizar e respeitar os sonhos e as possibilidades nossos e dos outros.
Cabe às escolas, às universidades, aos sistemas, gestores e profissionais da educação reflexões permanentes acerca de metodologias a serem priorizadas nos projetos políticos pedagógicos com ênfase a possibilidade de a escrita que permeia todas as áreas e intenções do conhecimento ser mais valorizada na sua missão altamente política de instigar o pensamento e forjar a criticidade. Realçando um motivo a mais para que os espaços educativos se tornem ainda mais seduzíveis e a escrita possa ter a valorização devida e necessária no processo de construção do conhecimento.