Vencer o sedentarismo exige combater barreiras

Por Leandro Caldeira*
30/11/2018 às 05:59.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:19

Todos os anos, 3,2 milhões de pessoas morrem devido à inatividade física. O sedentarismo já é considerado o quarto principal fator de risco para a mortalidade global, na frente do tabagismo e da obesidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) denomina o fenômeno como a “doença do século XXI”. Por isso, a OMS lançou uma meta para diminuir a falta de atividade física no mundo em 15% até 2030.

Para contribuir com o compromisso lançado pela OMS, é preciso compreender o real motivo da falta de exercício na sociedade. Podemos dividi-los em barreiras funcionais e barreiras emocionais. Motivos como preço das academias e estúdios, localização, falta de tempo e dificuldades para conciliar uma rotina saudável com trabalho contemplam o grupo de barreiras funcionais. A vergonha de ir à academia sozinho, medo de não se encaixar com outros frequentadores, preguiça, ou até mesmo não enxergar resultados instantâneos são fatores que contribuem para as barreiras emocionais.

O ambiente em que a pessoa vive também influencia na prática de atividades físicas, em especial na vida adulta. Uma pessoa passa em média 10 horas no trabalho, contando com a deslocamento de ida e volta para casa. Com esses fatos, é inegável a responsabilidade das empresas em contribuir com o bem-estar de seus colaboradores, estimulando a atividade física, inclusive. Criar benefícios dentro da organização nesse sentido é interessante para os dois lados. Para os colaboradores, uma vida equilibrada e saudável é indispensável. Já para as empresas, além de contribuir para a motivação, o impacto é financeiro: há diminuição significativa da sinistralidade do plano de saúde – custo que, hoje, é o segundo maior para as empresas, perdendo apenas para folha de pagamento; redução do absenteísmo; aumento da produtividade; e até mesmo redução da rotatividade dos empregados.

A OMS aponta que o conceito de qualidade de vida contempla três pilares: bem-estar físico, psicológico e sociocultural. Condições de trabalho estressantes são um dos diversos fatores que podem colocar em risco a saúde mental de um indivíduo, parte imprescindível da saúde de um ser humano. A atividade física é um poderoso aliado da saúde mental, pois combate doenças como depressão e ansiedade. As empresas precisam fazer a sua parte e considerar estes três pilares na hora de pensar em benefícios que possam contribuir na qualidade de vida dos colaboradores.

Um ponto positivo é que hoje as possibilidades e modalidades de exercícios são inúmeras, o que torna mais fácil encontrar uma atividade física que combine com seu estilo de vida. Atualmente, o interessado não precisa se prender à musculação ou à academia, ele pode praticar artes marciais, dança ou até mesmo arqueria.

Pesquisa feita pela Universidade Estadual de San Diego apontou que as aulas de dança têm menor taxa de abandono do que uma academia que oferece aulas mais tradicionais como musculação. Isso por que a dança é uma forma mais divertida de se exercitar. A questão não é focar no desempenho e encarar a atividade física como uma competição, mas tê-la como algo leve e prazeroso, que fará bem para o seu corpo e sua mente. Menosprezamos os cuidados conosco em meio à correria do dia-a-dia, mas ao longo do tempo, a “conta” chega. Busque caminhos que se encaixem com sua rotina e com suas aspirações, a escolha é sua.

*CEO do Gympass, engenheiro e entusiasta do esporte como pilar fundamental para o bem-estar e qualidade de vida

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