A toxina botulínica, mais conhecida como botox, já está sendo utilizada também como função terapêutica. O produto já é aproveitado com sucesso nas áreas de oftalmologia para tratar contrações musculares involuntárias e na prevenção de problemas estéticos na pele como rugas dinâmicas. O botox também ganha espaço como alternativa para combater a hiperidrose, problema que leva pessoas a apresentarem excesso de suor, comprometendo as atividades do cotidiano. O suor excessivo e de forma imprevisível ocorre, mesmo quando a temperatura ambiente está fria ou a pessoa está em repouso. A situação é constrangedora para diversas pessoas, tanto na vida social quanto profissional.
A hiperidrose atinge de 1% a 3% da população, afetando homens e mulheres, com prevalência maior em pessoas acima dos 18 anos, conforme dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). O tratamento depende da intensidade e desconforto, sendo que existem os procedimentos clínicos - antitranspirantes, anticolinérgico, toxina botulínica – e os tratamentos cirúrgicos.
O distúrbio ocorre nas axilas e também na palma das mãos, na maioria dos casos, mas também pode aparecer, em menor porcentagem, nos pés, face e couro cabeludo. A hiperidrose verdadeira costuma se manifestar desde o nascimento ou na primeira infância. A causa da hiperidrose é genética e hereditária. Os sintomas podem ser piores em pessoas acima do peso, diabéticos ou em países de clima quente. O principal fator desencadeante do suor excessivo é o estresse emocional (hiperidrose emocional); situações constrangedoras como falar em público, entrevista de emprego etc, ou uma maior sensibilidade dos centros reguladores de temperatura corporal, localizados no hipotálamo, região cerebral.
O tratamento injeta a toxina botulínica na área com suor excessivo para bloquear a produção exagerada. O produto bloqueia o fim do nervo, próximo às glândulas sudoríparas, responsáveis pelos sintomas, impossibilitando a passagem do estímulo ativador do processo, minimizando o efeito desconfortável. O procedimento é rápido, sem aumentar a transpiração em outros lugares do corpo e os efeitos duram de 5 a 8 meses, mas pode variar conforme cada caso. Algumas pessoas sentem a necessidade de uma nova aplicação somente a cada 12 meses.
O tratamento ocorre ao longo de duas semanas com boa eficácia na interrupção da sudorese e praticamente sem efeitos adversos. É importante ressaltar que o suor é uma resposta natural do organismo para regular a temperatura corporal e também pode surgir durante a prática de atividades físicas ou em momentos de estresse. Entretanto, quando a sudorese passa a ser excessiva, pode ser um sinal da doença e a partir disso é preciso buscar um tratamento mais adequado.
Ainda falta informação sobre o assunto por parte da população, pois uma grande parte não sabe que é possível diminuir o excesso do suor com o botox. O tratamento é uma arma poderosa. É importante ressaltar que o procedimento deve ser feito por um cirurgião credenciado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e em uma clínica qualificada.
*Cirurgião plástico do Hospital Madre Teresa e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica