Nas primeiras semanas do ano, fomos brindados com algumas notícias que escancararam o fosso existente entre as classes de pessoas que estão encasteladas no poder e a real situação financeira da nação.
Aqueles que podem influenciar na legislação tomam decisões que interessam apenas a si próprios, sem nem olhar para as necessidades da população. Nenhuma solidariedade com o sofrimento de milhões de pessoas. Julgam-se escolhidos e ungidos por algum deus para pôr e dispor o que lhes apetece.
Alguns exemplos: o aumento dos nobres juízes do Supremo Tribunal Federal (STF), que irá onerar, ainda mais, todo o judiciário; 142 parlamentares (senadores/deputados na ativa ou não) já podem requerer suas aposentadorias de até R$ 33.000,00 mensais; o lobby dos militares para ficarem fora da reforma da Previdência. Exemplos não faltam! Os que vivem sob a égide dos privilégios, bancados pelo dinheiro público, são insaciáveis. Não têm nenhuma consideração por aqueles que precisam e sofrem.
A frase que intitula este artigo é popularmente atribuída à Maria Antonieta (1755-1793), rainha da França e esposa de Luís XVI, ambos decapitados pela Revolução Francesa.
Na verdade não há nenhuma comprovação histórica de que ela tenha dito estas palavras, mas a frase demonstra, cabalmente, a futilidade dos poderosos elitistas, seu hedonismo e o desprezo pelos menos favorecidos que, na verdade, sustentam sua faustosa vida. A comparação com a realidade brasileira é válida.
Cerca de 50 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, enquanto os “nobres” republicanos vivem como lordes desfrutando de seus privilégios “monárquicos”. E tudo dentro da lei, assim como na Monarquia liquidada pela Revolução Francesa. Não queremos uma revolução sangrenta, as novas armas são as redes sociais.
A pressão popular deve se manifestar, dia e noite, até que todos aqueles que, de alguma maneira, usam o poder em benefício próprio, deixem de fazê-lo. Podemos começar pelo município em que vivemos. A sociedade civil, pacificamente, deve exercer uma pressão contínua em seus governantes. Eles estão aí para servirem ao povo, que paga seus salários, e não para se aproveitarem do povo. Não devemos aceitar nenhum aumento de impostos, ao contrário, devemos lutar para que os impostos sejam reduzidos. A cultura de gastar pensando que o erário público é um poço sem fundo tem de acabar no Brasil.
A população deve ser protagonista de seu destino. Políticos eleitos são representantes do povo, e a autoridade exercida por eles é delegada pelo voto. A monarquia absolutista, cujos membros julgavam-se eleitos por Deus, já perdeu sua majestade há mais de 200 anos. O Brasil precisa deixar de ser uma República com anacrônicos privilégios monárquicos e agir como uma democracia que protege os que mais necessitam.
Escritor, palestrante e consultor de negócios - www.celsotracco.com