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Saúde mental feminina

Juliana Dimário*
Publicado em 17/03/2025 às 19:00.

Desde cedo, somos ensinadas a correr atrás de algo: ser melhores mulheres, esposas, mães, filhas, profissionais. A sensação de nunca ser suficiente nos acompanha, impondo uma busca constante por uma perfeição inalcançável. Por isso, é fundamental dar visibilidade a um tema essencial: a saúde mental feminina.

A saúde mental não existe de forma isolada – ela é influenciada por determinantes sociais, como acesso à educação, moradia, trabalho e cultura. Quando falamos da saúde mental das mulheres, algumas questões estruturais precisam ser priorizadas. Os dados evidenciam essa realidade:

Sete em cada dez pessoas diagnosticadas com depressão ou ansiedade no Brasil são mulheres, segundo o relatório “Esgotadas”, da Think Olga.

Em 2019, cerca de 49 milhões de brasileiros viviam com algum transtorno mental, sendo 53% mulheres (IHME).

Segundo a OMS, as mulheres têm maior risco de desenvolver ansiedade e depressão em comparação aos homens.

O que é carga mental feminina?
A carga mental feminina refere-se ao conjunto de tarefas domésticas e responsabilidades familiares que recaem desproporcionalmente sobre as mulheres – de forma não reconhecida e não remunerada. Esse trabalho invisível mantém a mente das mulheres em constante atividade.

Enquanto os homens dedicam, em média, 11 horas semanais ao cuidado de terceiros, as mulheres dedicam 21,4 horas – quase o dobro. Esse fardo tem impacto direto na saúde mental feminina. Mas, diante de tantas pressões, quem cuida das mulheres?

A boa notícia é que muitas mulheres estão mais atentas à sua saúde mental. Algumas buscam apoio na psicoterapia (22%), enquanto outras enfrentam dificuldades de acesso, seja pelo custo (49%) ou pela falta de recursos acessíveis (29%).

Pilares da Saúde Mental Feminina

Podemos pensar a saúde mental a partir de três pilares fundamentais: prevenção, percepção e tratamento.

Prevenção:
Alimente-se bem e cuide do sono.

Tenha uma rotina equilibrada, reservando momentos para o autocuidado.

Cultive relacionamentos saudáveis e atividades prazerosas.

Pratique a autocompaixão.

Percepção:
Observe sentimentos e emoções.
Questione-se: “Como estou me sentindo?”.
Identifique sinais de alerta, como tristeza excessiva, irritabilidade e cansaço extremo.

Tratamento:
Terapia: Auxilia na compreensão e no enfrentamento dos sentimentos.

Psiquiatria: Quando necessário, acompanhamento médico e uso de medicação sob orientação profissional.

Atividades relaxantes: Meditação, exercícios físicos e hobbies.

Alimentação equilibrada: Contribui para o bem-estar emocional.

Buscar ajuda não é fraqueza – é um ato de coragem e autocuidado. Cuidar da saúde mental feminina é um compromisso coletivo. É preciso avançar na construção de um ambiente mais justo, onde as mulheres tenham acesso a apoio, tempo para si mesmas e liberdade para viver sem a pressão da perfeição. Reconhecer as próprias necessidades e buscar equilíbrio não é egoísmo – é um passo essencial para uma vida mais saudável. Afinal, mulheres que se cuidam também transformam o mundo ao seu redor.

*Diretora de Pessoas e Cultura da CBYK

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